'Assim se vê a força do ex-BCP!'
Por Ferreira Fernandes
JARDIM Gonçalves deu ontem uma boa entrevista ao jornal i. Claro que
ele quer reabilitar-se - está inibido de ser banqueiro e correm
processos sobre a sua gestão do BCP -, mas já vi gente que deu
entrevistas para instrumentalizar (não são para isso quase todas?) e
acabou espalhado. Nesta de Jardim Gonçalves não foi o caso. Houve até
uma daquelas frases que saltam, porque ditas por quem não se espera,
diretamente para as aberturas dos telejornais: "Não foi para isto que
aconteceu o 25 de Abril", queixou-se.
Podia ser o título de um capítulo
do programa de candidatura do sindicalista Carvalho da Silva a
Presidente, mas não, é um grito de alma de um banqueiro (ou ex, mas
Jardim Gonçalves merece que a condição se lhe cole à pele).
O País,
quando chegou a pensar que o 25 de Abril poderia ser um dos feriados
civis a cortar, passou uma tangente ao insólito de ver Otelo e o nosso
mais famoso membro do Opus Dei do mesmo lado da barricada. Essa, uma
interpretação radical da extraordinária frase: a Europa está a
esquerdizar-se e a possibilidade de o Bloco de Esquerda grego ir para o
Poder está a apressar um "aggiornamento" até dos banqueiros.
Outra
interpretação, em sentido contrário, é de um complô de capitalistas:
depois de Alexandre Soares dos Santos ter feito do 1.º de Maio a festa
dos consumistas, Jardim Gonçalves apropria-se do 25 de Abril. Banalizar
os ícones do adversário é uma arma feroz.
«DN» de 22 Mai 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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