20.5.12

Queres ser meu amigo?

Por Ferreira Fernandes
MARK Zuckerberg andou em Harvard, a melhor das universidades. Daí a vocação para o ensino: ele e o seu Facebook ensinaram 845 milhões de pessoas que a amizade é virtual. 
Houve gente que precisou de uma vida para se dar conta dessa virtualidade (leia-se, talvez seja amigo, talvez não) e Zuckerberg decretou que ser amigo não passa mesmo de um simples clic: "Queres ser meu amigo?" 
No fim do verão já serão mil milhões de "utilizadores" - é assim que o Facebook trata os seus "utilizadores", termo mais frio do que os antigos "companheiro" e "amante", mas bem mais verdadeiro: antigamente, faziam-se amizades de verão e no outono já nos tínhamos esquecido de como ela beijava bem. 
Segundo um estudo, nos Estados Unidos cada utilizador do Facebook tem uma média de 229 amigos. É muito amigo para ser sincero mas a lógica do Facebook é essa, na avalanche de muitos, aproveitar a disponibilidade de um punhado e, até, reencontrar amigos perdidos (e, já agora, as namoradas de verões passados). E todo esse culto da amizade é combinado com os benefícios da tecnologia. Sempre tive pela amizade uma noção de cowboy, os melhores diálogos são os calados, enquanto o Sol se põe num canyon. É o que o Facebook faz com o seu recurso "cutucar" (em brasileiro, em português é "toque", mais fraco). Um amigo "cutuca", diz que está ali, e é quanto basta. 
Só por essa boa ação o Facebook merece ter chegado esta semana à Bolsa com o maior sucesso de sempre. 
«DN» de 20 Mai 12

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