O espião que veio do céu
Por Manuel António Pina
SE O ÓDIO é cego, o medo tem, em contrapartida, aturados olhos e vê
sombras e ameaças em cada esquina. Até no céu: noticia o jornal
"Haberturk", de Ankara, que prosseguem as investigações dos serviços
secretos turcos sobre um abelharuco (pequena ave da família dos
meropídeos) suspeito de espionagem a favor de Israel.
Há boas razões para os turcos se preocuparem, pois o suspeito foi
encontrado morto num campo, com uma anilha de identificação que dizia
"Israel". O Centro de Acompanhamento de Aves israelita diz que a
colocação de anilhas em pássaros se destina a estudar as suas rotas
migratórias, mas quem acredita em judeus? O suspeito tinha asas
"invulgarmente grandes" capazes de esconder um dispositivo de vigilância
e, além disso, usa várias identidades: só em Portugal é conhecido por
abelheiro, abelhuco, airute, alderela, bejaruco, fulo, gralha, melharuco
e pito-barranqueiro. Depois, o facto de trazer camuflagem colorida
indicia a natureza militar da sua missão. É certo que tem um longo e
pouco sigiloso bico, mas também o superespião Jorge Silva Carvalho tem.
Não
foi, em 2011, detida na Arábia Saudita, por fazer parte de um "complot
de espionagem sionista", uma cegonha com anilha da Universidade de
Telaviv? E não anunciou há dias o Irão que enforcou uma "toupeira" de
Israel? Tenham medo, muito medo. Não tirem os olhos do céu. Nem de
debaixo do chão.
«JN» de 18 Mai 12 Etiquetas: MAP
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