Europa teve pais mas está órfã
É UM BELO edifício, o Centro Jean Monnet, no largo do mesmo nome, ao lado
do Parque Mayer e do Jardim Botânico. É a "embaixada" da União Europeia
e quando a Europa acabar talvez venha a ser, magnífica ironia, a sede
de um banco (mata-se a ideia, fica-se com os despojos). E o largo, irá
continuar a chamar-se Jean Monnet? As placas toponímicas, sendo
românticas - tantos poetas, tão poucos administradores - é bem possível
que sim.
Jean Monnet nasceu em Cognac e talvez por isso passou a vida a
ver a dobrar. Foi o inspirador da Comunidade Europeia do Carvão e do
Aço, a mãe da União Europeia. O que Jean Monnet via e fez os outros ver
foi a França e a Alemanha juntarem-se para um projeto comum, apesar de
duas guerras em meio século.
Num dia de 1950, Jean Monnet, do país
vencedor, foi a Bona encontrar-se com Konrad Adenauer, do país
destruído. Monnet, perito em finanças, soube encontrar o tom lírico e
sincero para convencer o alemão desconfiado. Simples: mostrou-lhe que
era coisa mútua.
Ontem, o espanhol Rajoy criticava o Banco Central
Europeu de só ajudar à beira do abismo - e estava a ser otimista, a
alemã Merkel, patroa do BCE, é capaz de esperar mesmo o abismo. E a
francesa Christine Lagarde, patroa do FMI, já passa receitas post
mortem: a saída da Grécia do euro "deverá ser feita de forma ordenada".
Como se eles fossem capazes de ordem em alguma coisa.
A esta gente Jean
Monnet não teria convencido de nada.
«DN» de 18 Mai 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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