Angela voltou a casar
Por Ferreira Fernandes
RETARDADA
por um raio - que talvez venha a ser muito evocado daqui a anos, à hora
do balanço - a Merkollande (os franceses preferem Homer, dá-lhes a
primazia e é mais curto) foi ontem inaugurada.
A conservadora Merkel e o
socialista Hollande portaram-se como os seus homólogos gregos e
souberam ser responsáveis: desejaram que a Grécia não saia do euro. Dito
isso, logo transpareceu a divergência aguardada. Hollande anunciou ir
falar das eurobonds no próximo Conselho Europeu, já para a semana.
Como o
previsto, ela mais austeridade, ele mais crescimento. Pode ser sinal
fecundo, os pares que melhor se encaixam não são idênticos. Ontem ainda
não se falou, mas a China vai ser assunto de polémica no par. Num livro
lançado já a seguir às presidenciais francesas, La Victoire Empoisonnée
("A Vitória Envenenada"), o autor, Eric Dupin, revelava uma conversa
recente com Hollande, ainda candidato, em que este dizia: "O problema é
chinês. Eles fazem batota com tudo." Ora, a China e a Alemanha, como
ontem lembrava o Le Monde, são a simbiose quase perfeita, uma precisando
da tecnologia e a outro de mercados. Um Hollande crítico sobre o
Império do Meio pode colocar a Europa, no seu todo, como interlocutor da
China, papel até agora só da Alemanha. O que transformaria meros
negócios em relação mais forte.
Estes dias de mudanças têm disto, dão
esperanças.
«DN» de 16 Mai 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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