17.5.12

Correr aos bancos e meter-se na urna

Por Ferreira Fernandes
HÁ DIAS, um cartoonista do Times, de Londres, pôs um grego a dar um tiro na cabeça. O grego estava zangado, e só. Ele era o primeiro de uma fila de outros europeus (um espanhol, um português...), esses, assustadíssimos, com medo de levarem também com a bala. O cartoonista trocou cada cara (menos a do grego, só zangado) pelo símbolo do euro. De facto, reparem no símbolo do euro, parece uma boca escancarada, com a língua ao meio soltando um grito. 
No dia 17 de junho, domingo, jogaremos o último dos três jogos da fase de grupos, Portugal-Holanda, e até agora eu suspeitava, pela força do grupo (há ainda a Dinamarca e a Alemanha), que seria o fim do nosso campeonato europeu de futebol. Afinal, já tenho a certeza: seremos eliminados. Mas pela Grécia (como, aliás, é tradição) e não falo de futebol, porque naquele domingo haverá também novas eleições gregas e o grego do cartoon, zangado e só zangado (o que não ajuda a pensar), vai apertar o gatilho e fazer saltar a cabeça dele. 
As últimas sondagens dão como vencedor o Bloco de Esquerda lá do sítio, o Syriza, mais de 20 por cento, o suficiente para fazer governo e declarar que os gregos não pagam mesmo o que devem. 
Entretanto, os mesmos que se dizem, na sondagem, dispostos ao suicídio, passaram as últimas 48 horas a correr aos bancos a tirar o dinheiro... 
A tragédia grega pelos vistos é paradoxal. Tudo bem, é o que escolheram, não fosse a estupidez helénica sobrar para nós com uma bala.
«DN» de 17 Mai 12

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1 Comments:

Blogger Carlos said...

Em Portugal há 45 anos, "felizmente houve LUAR".

17 de maio de 2012 às 10:07  

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