Correr aos bancos e meter-se na urna
HÁ DIAS, um cartoonista do Times, de Londres, pôs um grego a dar um tiro
na cabeça. O grego estava zangado, e só. Ele era o primeiro de uma fila
de outros europeus (um espanhol, um português...), esses,
assustadíssimos, com medo de levarem também com a bala. O cartoonista
trocou cada cara (menos a do grego, só zangado) pelo símbolo do euro. De
facto, reparem no símbolo do euro, parece uma boca escancarada, com a
língua ao meio soltando um grito.
No dia 17 de junho, domingo, jogaremos
o último dos três jogos da fase de grupos, Portugal-Holanda, e até
agora eu suspeitava, pela força do grupo (há ainda a Dinamarca e a
Alemanha), que seria o fim do nosso campeonato europeu de futebol.
Afinal, já tenho a certeza: seremos eliminados. Mas pela Grécia (como,
aliás, é tradição) e não falo de futebol, porque naquele domingo haverá
também novas eleições gregas e o grego do cartoon, zangado e só zangado
(o que não ajuda a pensar), vai apertar o gatilho e fazer saltar a
cabeça dele.
As últimas sondagens dão como vencedor o Bloco de Esquerda
lá do sítio, o Syriza, mais de 20 por cento, o suficiente para fazer
governo e declarar que os gregos não pagam mesmo o que devem.
Entretanto, os mesmos que se dizem, na sondagem, dispostos ao suicídio,
passaram as últimas 48 horas a correr aos bancos a tirar o dinheiro...
A
tragédia grega pelos vistos é paradoxal. Tudo bem, é o que escolheram,
não fosse a estupidez helénica sobrar para nós com uma bala.
«DN» de 17 Mai 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
Em Portugal há 45 anos, "felizmente houve LUAR".
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