25.5.12

É a igualdade, estúpidos!

Por Manuel António Pina 
O PRESIDENTE de uma câmara que tinha (e provavelmente continua a ter) dívidas de milhões à Águas de Portugal foi premiado, mal o actual Governo tomou posse e começou o bodo aos "boys", com o Conselho de Administração da Águas de Portugal e nunca mais se soube dele, nem se terá conseguido, agora como credor, ser tão eficaz como fora como devedor. Voltou agora às primeiras páginas e, após quase um ano de discreto e laborioso esforço, o rato pariu uma montanha: o preço da água vai, aleluia!, ser finalmente igual para todos os portugueses, vivam eles em palacetes da Avenida do Brasil, no Porto, ou da Lapa, em Lisboa, ou vivam em qualquer casal perdido do Nordeste Transmontano e da Beira Interior. Por fim uma medida revolucionariamente igualitária: toda a gente irá pagar entre 2,5 e 3 euros por m3 de água. Afinal, diz o novo administrador, "as pessoas podem gastar o que quiserem no telemóvel, e gastam muito mais que isso"...
Assim se fará (já não era sem tempo) justiça aos portugueses da Avenida do Brasil e da Lapa, que já pagam há anos isso, e se acabará com os privilegiados de algumas pequenas terras do interior, que - pois a igualdade tem um preço - verão a conta da água aumentar 200 ou 300%.
Se a água quando nasce é para todos, também o preço dela deve ser. E quem não puder pagá-la que fale menos ao telemóvel.
«JN» de 25 Mai 12

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1 Comments:

Blogger José Batista said...

Isto é absolutamente inaceitável.
Em muitas aldeias do interior, a água é um bem essencial pelo qual as pessoas, idosas, doentes e precariamente reformadas, pagavam um preço (que lhes era) acessível.
Com subidas de preço tão vertiginosas como vão elas poder pagar?
Algumas vão voltar à fonte, ou ao poço. Mas as que não podem andar?
Ah país, país, que tais governantres tens! E com o passado que se lhes conhece...
Para quando uma reforma política que permita aos cidadãos proporem os seus representantes, em vez de serem as mafias dos partidos, elegerem-nos para uma verdadeira assembleia da república, segundo órgão do estado, da qual emergiria um governo, efetivamente dependente dessa mesma assembleia (e não o contrário)?
Então sim, quem não correspondesse depressa perdia o lugar...
E a democracia só pode ser isso.
Eu exijo-o.

25 de maio de 2012 às 18:41  

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