7.5.12

Educação para a delação

Por Manuel António Pina 
MAIS tarde ou mais cedo tinha que acontecer algo assim. Conta o "Público" que uma escola do 1.º Ciclo pôs alunos (crianças entre os 6 e os 10 anos) a fazer patrulhas durante as horas de recreio, com instruções, acusam os pais dos alunos de uma turma do 4.º ano, como "tomar nota do nome dos colegas que apresentam comportamentos inadequados", nomes depois "colocados em local público para que toda a comunidade escolar tenha conhecimento dos mesmos". E, pelo andar que as coisas levam em Portugal, ainda vamos no princípio... Fardadas com uma "t-shirt" com a inscrição "PSP", significando "Patrulha de Segurança do Pontal", as crianças da escola do Pontal (Portimão), duas por turma, são enquadradas por graduados, digo, professores, devendo efectuar "rondas no recinto escolar nos horários críticos da escola, valorizando sempre o diálogo".
Os pais contestatários pensam antiquadamente que "as crianças têm como principal função aprender, tendo direito a um intervalo para brincar; não têm de 'espiar' os colegas". Presume-se que a maioria, ciente da sociedade de novo tipo hoje em construção, veja na educação para a delação dos seus rebentos apenas a preparação destes para um paisano futuro profissional brilhante a denunciar colegas de trabalho ou, se fardado, a espancar manifestantes e jornalistas "valorizando sempre o diálogo".
«JN» de 7 Mai 12

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1 Comments:

Blogger 500 said...

E talvez possam ser recrutados par uma hipotética nova Legião Portuguesa.

7 de maio de 2012 às 21:38  

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