«Dito & Feito»
Por José António Lima
JORGE Coelho, com a sua reconhecida capacidade de formular análises de
forma chã e sem rodeios, afirmou há dias: «Quem manda em Portugal, acho
que é uma evidência, é a troika». E esclareceu que não estava «a fazer
uma crítica, mas uma constatação».
Adiantando mesmo que, no seu
entender, a chegada da troika a Portugal «talvez tenha sido um pouco
tardia». Podia ter acrescentado que a troika manda e manda bem.
Obrigando finalmente o país a entrar nos carris do endividamento externo
e a viver de acordo com as suas capacidades – o que implica uma
conclusão nada abonatória para os governos PS e PSD que tão
incompetentemente conduziram o país nas últimas duas décadas.
Entretanto,
Francisco Louçã anuncia que «a única possibilidade de a Europa vencer a
austeridade e recusar a recessão é hoje a troika ser vencida na
Grécia». E como se derrota a troika? «Com a vitória de um Governo de
esquerda» liderado pelo Syriza, o partido radical do seu amigo Alexis
Tsipras, nas próximas eleições gregas de 17 de Junho. Só com «esse
Governo de esquerda na Grécia é que a Europa poderá enfrentar a senhora
Merkel», adianta Louçã.
O problema é que a senhora Merkel olha
para a Grécia precisamente da mesma forma que o senhor Louçã olha para a
Madeira de Alberto João Jardim. E faz exactamente as mesmas perguntas:
Em nome de quê e de quem devemos ser nós a pagar os desvarios
despesistas e o endividamento irresponsável de Jardim (ou da Grécia)?
Que atitude tomar se, mesmo depois de assinar o programa de ajuda
financeira, a Grécia (ou Jardim) continua sem cumprir as restrições a
que se comprometeu e a violar as metas a que se obrigou? Que fazer com
um Governo como o de Jardim (ou da Grécia) que permite todos os excessos
e abusos, incapaz de corrigir o hábito de viver muito acima das suas
possibilidades, com o dinheiro que não tem e emprestado por outros?
Acresce
que um Governo liderado por Tsipras seria ainda mais devastador do que
um Governo chefiado por Jardim. Isolaria a Grécia a nível internacional,
bloquearia a ajuda financeira e arrastaria o país, num ápice, para a
bancarrota total. Faria da Grécia uma nova Albânia, que fica mesmo ali
ao lado. Louçã deveria gostar de ver.
«SOL» de 1 Jun 12Etiquetas: autor convidado, JAL
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