18.6.12

Uma lei bela como golo nosso

Por Ferreira Fernandes
ARRUMADAS que ficaram as coisas ontem - do euro (Grécia e França com governos para governarem) e do Euro (Portugal seguindo) -, passemos a outro assunto. Talvez menos mediático que os atrás citados, mas ao contrário desses, que só ficam arrumados até ver (aos governos grego e francês ainda lhes falta quase tudo, tal como à equipa portuguesa), o assunto que aqui trago é essencial e histórico - moral. 
Conhecem vagabundos nas ruas de São Miguel, Açores, que falam americano entre si e carregam os olhares mais perdidos de Portugal? Sim, desses miseráveis sem casa e, sobretudo, sem home, o lar, a sua rua, os seus, de que foram desapossados pela estupidez da lei. Chamam-lhes repatriados, que é palavra errada porque eles foram é desapossados da sua pátria, a América, onde chegaram bebés ou ganapos, andaram nas escolas de Fall River ou New Bedford, esqueceram-se de pedir a papelada americana e aos 18, apanhados a conduzir sem carta um Chevy, descobriram-se estrangeiros e foram expulsos para umas ilhas do outro mundo. Sem retorno. 
Pois Obama acaba de fazer uma lei digna de um país de imigrantes: quem chegou à América criança não pode ser deportado. Claro, os direitolas vão atirar-se a Obama. Tal como os esquerdalhos nunca perceberam como foi um republicano e conservador, o general Eisenhower, que acabou com a segregação racial nas escolas. Obama e Eisenhower, esses, perceberam que a política é moral ou não é.
«DN» de 18 Jun 12

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