8.7.12

Como falir sem dor (ensaio poético)

Por Ferreira Fernandes
O MAIS valioso prémio de Economia a seguir ao Nobel, o Wolfson Economics Prize (250 mil libras, cerca de 310 mil euros), foi entregue esta semana. Estava sujeito a mote, que era à volta de uma questão muito moderna: a eutanásia. Na verdade, a questão posta não era bem como abreviar a vida de um doente incurável, mas como um país deveria sair de forma ordeira do euro. 
Houve 400 propostas e ganhou o britânico Roger Bootle, da consultadoria financeira Capital Economics. Bootle propôs que o governo a sair do euro fizesse o plano secretamente e só o tornasse público no dia da execução: a nova moeda com paridade, 1 por 1, com o euro... 
Poupo-vos a pormenores, os economistas, quando jogam no que mais gostam, no modelo hipotético, são muito picuinhas. Noto é que, segundo narrou o Times de ontem, os organizadores do prémio, ao atrasarem a decisão de abril para esta semana, puseram os concorrentes (e o que viria a ser vencedor) em pânico: se a Grécia, entretanto, tivesse saído do euro estragava-lhes as propostas, e, se calhar, até as envergonhava. 
Nada pior do que a realidade para destroçar os conceitos dos economistas. Por isso auguro grande futuro ao Wolfson Economics Prize. Deixe-se o Nobel para a Física ou a Medicina, premiando cientistas com obra feita e provada. Já a Economia precisa de prémios baseados em "e se...", só imaginação, como no concurso de quadras de São João do Jornal de Notícias.
«DN» de 8 Jul 12

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