Uma epidemia de idiotas úteis
EM 2011 foi votado no Parlamento um coiso (chamava-se PEC 4) com voto a
favor do PS e contra do PSD, CDS, BE e PCP. Por causa desses votos,
aconteceu o que era sabido por todos antes de votarem: caiu o Governo,
houve eleições, ganhou o PSD e fez-se um Governo PSD/CDS.
O meu ponto é:
ao PSD e ao CDS aconteceu o que lhes interessava quando votaram; já o
BE e o PCP tiveram o que não queriam, apesar de saberem antes que teriam
o que tiveram se votassem como votaram.
Os do PSD e do CDS fizeram o
que queriam. Os do BE e do PCP foram idiotas úteis.
Adiante.
Um ministro
das Finanças que faz um decreto de um coiso (cortes de subsídios, mas o
que interessa é que era só para funcionários) que foi chumbado como
anticonstitucional, pode ser um ministro incapaz porque não previu o
chumbo. Pode, talvez. Porque podia também estar à espera de que alguém
da oposição metesse o coiso no Tribunal Constitucional, fosse chumbado
e, à pala do chumbo, o coiso passasse a aplicar-se aos funcionários e
aos privados, o que seria para o ministro ganhar a taluda. Nesse caso, o
ministro seria brilhante. Talvez, repito.
Já os da oposição (alguns do
PS e do BE) que, de facto, levaram o coiso à inconstitucionalidade e,
como era de esperar nessa hipótese, ao alargamento (que eles não
queriam) do coiso a todos os portugueses, esses, foram - sem talvez! -
idiotas úteis. Temo que tenhamos aqui um padrão: demasiados idiotas
úteis na política portuguesa.
«DN» de 7 Jul 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
Bem, idiotas são também (e principalmente) os cidadãos (comuns) portugueses por não exigirem círculos uninominais para a assembleia da república em que esses cidadãos se possam candidatar a deputados ou propôr candidatos que os representem. E dava-se uma machadada nas organizações partidárias que vão parindo "varas", "sócrates", "limas", "relvas" e outros da mesma laia.
Tendo uma assembleia que representasse o povo, então sim, o povo era responsável. Depois, essa assembleia escolhia um primeiro ministro que fazia o governo. E deixávamos de ter uma assembleia capacho dos mandantes partidários.
A coisa não seria perfeita?
Não seguramente.
Mas era (verdadeiramente) democrática.
E não estávamos pior do que nos encontramos.
E não havia deputados eternos, cujas qualidades nunca vislumbrámos, a favorecer familiares e amigos e acumular reformas múltiplas por motivo nenhum.
E tinhamos também os partidos a que as pessoas quisessem pertencer, sem mamadeiras do estado, e sem esses partidos capturarem a democracia, isto é: sem cilindrarem os cidadãos nos seus direitos políticos básicos.
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