7.7.12

Uma epidemia de idiotas úteis

Por Ferreira Fernandes
EM 2011 foi votado no Parlamento um coiso (chamava-se PEC 4) com voto a favor do PS e contra do PSD, CDS, BE e PCP. Por causa desses votos, aconteceu o que era sabido por todos antes de votarem: caiu o Governo, houve eleições, ganhou o PSD e fez-se um Governo PSD/CDS. 
O meu ponto é: ao PSD e ao CDS aconteceu o que lhes interessava quando votaram; já o BE e o PCP tiveram o que não queriam, apesar de saberem antes que teriam o que tiveram se votassem como votaram. 
Os do PSD e do CDS fizeram o que queriam. Os do BE e do PCP foram idiotas úteis. 
Adiante. 
Um ministro das Finanças que faz um decreto de um coiso (cortes de subsídios, mas o que interessa é que era só para funcionários) que foi chumbado como anticonstitucional, pode ser um ministro incapaz porque não previu o chumbo. Pode, talvez. Porque podia também estar à espera de que alguém da oposição metesse o coiso no Tribunal Constitucional, fosse chumbado e, à pala do chumbo, o coiso passasse a aplicar-se aos funcionários e aos privados, o que seria para o ministro ganhar a taluda. Nesse caso, o ministro seria brilhante. Talvez, repito. 
Já os da oposição (alguns do PS e do BE) que, de facto, levaram o coiso à inconstitucionalidade e, como era de esperar nessa hipótese, ao alargamento (que eles não queriam) do coiso a todos os portugueses, esses, foram - sem talvez! - idiotas úteis. Temo que tenhamos aqui um padrão: demasiados idiotas úteis na política portuguesa. 
«DN» de 7 Jul 12

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1 Comments:

Blogger José Batista said...

Bem, idiotas são também (e principalmente) os cidadãos (comuns) portugueses por não exigirem círculos uninominais para a assembleia da república em que esses cidadãos se possam candidatar a deputados ou propôr candidatos que os representem. E dava-se uma machadada nas organizações partidárias que vão parindo "varas", "sócrates", "limas", "relvas" e outros da mesma laia.
Tendo uma assembleia que representasse o povo, então sim, o povo era responsável. Depois, essa assembleia escolhia um primeiro ministro que fazia o governo. E deixávamos de ter uma assembleia capacho dos mandantes partidários.
A coisa não seria perfeita?
Não seguramente.
Mas era (verdadeiramente) democrática.
E não estávamos pior do que nos encontramos.
E não havia deputados eternos, cujas qualidades nunca vislumbrámos, a favorecer familiares e amigos e acumular reformas múltiplas por motivo nenhum.
E tinhamos também os partidos a que as pessoas quisessem pertencer, sem mamadeiras do estado, e sem esses partidos capturarem a democracia, isto é: sem cilindrarem os cidadãos nos seus direitos políticos básicos.

7 de julho de 2012 às 17:20  

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