Parentes pouco recomendáveis
Por Manuel António Pina
A MAIOR parte dos "partidos irmãos" que sobraram da família ideológica
do PCP depois do desmoronamento da URSS e do Bloco de Leste é daquele
tipo de parentes que as famílias comuns se recusam a receber em casa e
de quem nem querem ouvir falar.
O Partido Comunista da China era, em vida da URSS, um parente de
quem o PCP activamente se envergonhava. Mas família é família e os laços
de sangue acabam por falar mais forte, sobretudo em situações de
orfandade. O PCP tem feito tudo para preservar as relações "fraternais"
com o PCC, esticando além dos limites do tolerável o conceito de
"assuntos internos" (para não falar do de "construção do socialismo") e
apoiando acriticamente na China o capitalismo selvagem e sem regras que
condena em Portugal.
Pensar-se-ia que os rasgados elogios agora
feitos pelo vice-primeiro-ministro, Li Keqiang e pelo ministro dos
Negócios Estrangeiros, Yang Jiechi, à política de austeridade em
Portugal e ao "exemplar cumprimento" pelo governo português daquilo que o
PCP justificadamente chama "pacto de agressão" merecessem algum
comentário, mesmo que tímido, do PCP.
Não mereceram. Nem isso nem
as relações bilaterais recentemente formalizadas entre PCC e CDS/PP.
Trata-se de relações mais saudáveis e transparentes do que as fundadas
numa oportunística consanguinidade ideológica. Ao menos CDS e PCC
defendem a mesma coisa, independentemente das latitudes.
O autor escreve segundo a antiga ortografia«JN» de 6 Jul 12
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1 Comments:
Bom, o PCP tem-nos habituado, desde longa data, a coisas difíceis de compreender. Eu, por exemplo, lembro-me de uma que me espantou particularmente, por não lhe ter percebido a oportunidade: refiro-me à tirada do líder da sua bancada, quando afirmou "não ter a certeza de que a Coreia do Norte não seja uma democracia".
Eu já conhecia alguém que raramente tinha dúvidas. E fiquei a saber então que há quem não tenha certezas sobre o que não oferece dúvidas.
Donde, estarmos (muito) bem servidos, em matéria de representação parlamentar, e não só... olhe a gente para onde olhar.
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