Pedaço nacional feliz (só 15 dias)
ENFIM!
Depois de meses de discursos sobre a crise, os portugueses vão ter
direito a duas semanas de esperança - basta, já a partir de amanhã,
desligarem-se do retângulo e só prestarem ouvidos aos políticos
açorianos.
Com as eleições regionais marcadas para 14 de outubro, o
socialista Vasco Cordeiro (candidato do Governo, no arquipélago, e
camarada da oposição nacional) e a social-democrata Berta Cabral
(candidata contra o Governo, no arquipélago, e companheira do Governo
nacional), apesar de tão distantes, comungam do mesmo credo: com eles
não haverá austeridade. Oiçam-nos, insisto: o anticiclone dos Açores
pode ser um poderoso anti-depressivo. Só que efémero, dura 15 dias,
depois os Açores serão portugueses como nunca. Quinze dias de vozes
doces (violinos, ao fundo) a meterem o maior número possível de palavras
na mais pequena das ideias: elejam-me.
Um dia, um político americano,
Adlai Stevenson, deixou fugir uma confissão: "Não chega que cada uma das
pessoas inteligentes do país vote por mim. Preciso de ter a maioria." A
crença na maioria burra é própria de todos os homens e mulheres que se
apresentam a votos. Em tempos normais, será uma brincadeira inocente; em
tempos destes, terríveis, é uma indecência.
Mas não sou eu que vou,
agora, deprimir-vos. Aproveitem os próximos 15 dias, parece que há umas
ilhas felizes. Oiçam de lá as promessas, durante muito tempo talvez as
últimas em território nacional.
«DN» de 29 Set 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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