Surto de vozes excitadas
NADA
melhor para mostrar as nossas incertezas e fraquezas do que ouvir gente
que nem disso se dá conta. De um lado, o consultor do Governo para as
privatizações, António Borges, a dizer que "os empresários que se
apresentaram contra a medida [mudanças na TSU] são completamente
ignorantes". Do outro, o líder sindicalista Arménio Carlos a garantir
que "se o Governo não ouve o povo a bem, ouve a mal".
A falta de dúvidas
de Borges é terrível, da função dele esperar-se-iam pontes entre o
Governo e os empresários, não insultos. Ora o que ele disse tem como
precedente a incapacidade de se lhes ter explicado o que de bom traria a
mudança na TSU - o quase unânime repúdio dos patrões sobre o assunto
mostra que algum erro deve ter havido da parte dos explicadores.
Chamar
burros a quem se explicou mal indicia que Borges não aprendeu com o erro
(dele) e que vai continuar por aí. Impante e sem dúvidas é exatamente o
tipo de responsável de que não precisamos hoje.
A ameaça de Arménio
Carlos também é terrível, porque acena com uma força indevida. Encher as
ruas e as praças de protestos pode ser um termómetro, alerta - serve
para isso, não mais. É prudente ouvir esse termómetro, mas ninguém é
obrigado, nem o Governo. Obrigatório, mesmo, é outro instrumento.
Chama-se eleições, e da última vez encheu as praças (neste caso, urnas)
com 2.813.729 eleitores (soma PSD e CDS). Só as seguintes obrigam a ser
ouvidas, "a bem ou a mal".
«DN» de 30 Set 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home