A criança de 5 anos a criança de 5 anos
Por Ferreira Fernandes
NUMA
escola, uma criança não pode ser castigada por um erro que se sabe que
ela não cometeu.
Dito isto, passemos ao recreio.
Há pais que não pagam o
almoço escolar do filho, mas não prescindem das cervejolas que custam o
mesmo? Sim, tá bem, adiante...
O almoço nas escolas devia ser grátis?
Sim, claro, e fechar os olhos às notícias também...
A diretora da
escola, como mostrou o cameraman, pinta as unhas? Pois, e as jornalistas
vão para as reportagens de camisa coçada...
Uma deputada da oposição
interpelou o ministro pela desgraça da fome? Claro, e deve ter deixado
de falar aos colegas que andam de Audi A5 público...
Fim do recreio.
Voltemos ao tutano: uma criança de cinco anos foi separada dos colegas e
levada para uma sala onde não lhe deram almoço, deram-lhe outra coisa,
porque os pais não pagaram a alimentação dela. E se calhar lá em casa o
televisor é de plasma...
Parou! Já disse que acabou o recreio.
Estou-me
nas tintas para os pais, para a diretora, para o raio que os parta. Aqui
é a criança que conta, só ela. Aos cinco anos, elas são finas como
jamais voltarão a ser: a castigada e as colegas perceberam que ela foi
humilhada. Isso é que conta. E o extraordinário é que esse facto
revoltante foi dissolvido em discussões laterais. Aqueles cinco anos
segregados, para a sala ao lado e para ao lado do almoço, tornaram-se um
mero pretexto. Tantas causas, tão pouca compaixão.
«DN» de 19 Out 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
Enquanto ainda se discute se os pais devem, ou não, ser castigados pelos erros dos filhos, nesta escola já se deu o passo seguinte:
Os filhos são castigados pelos erros dos pais!
Chama-se a isso "estar na vanguarda da educação"!
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