18.10.12

Raridade: duas boas notícias

Por Ferreira Fernandes
NÃO se pode viver sempre com todas as setas a apontar para "beco". Ontem, porém, algumas abertas. 
O Presidente francês deu uma entrevista a seis grandes jornais europeus e disse que há que oferecer aos homens e às nações uma perspetiva que não seja só a da austeridade. Hollande referiu-se explicitamente aos "espanhóis e portugueses." Claro que a entrevista não nos tirará de beco algum, mas só ouvir uma verdade simples de um poderoso, anima. Haja um Presidente que o faça. 
Outra aberta veio de Álvaro Santos Pereira, que apresentou ontem algumas medidas. Que um governante, nestes dias de marasmo, mexa também anima. Dizer "o médico está a chegar!" não cura ninguém, mas só dizê-lo dá esperança para esperar a cura. O importante é que no pacote das medidas não seja tudo fútil, nem a isso soe. Ora, não sendo eu entendido na matéria, parece-me haver mérito pelo menos numa. Pelos vistos, até agora, as empresas passando fatura viam-se obrigadas a pagar o IVA ao Estado em data que poderia ser anterior à de receber dos clientes. As grandes empresas certamente tinham mecanismos de pressão para apressar esse desfasamento, mas calculo que esse fosse um problema sério para as pequenas e médias empresas. A partir de agora, é o recebimento e não a fatura que obriga a entrega do IVA ao Estado. 
Assinale-se o avanço. Não sei se grande ou pequeno, mas nos tempos que correm todo o avanço é refrescante.
«DN» de 18 Out 12

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