Vítor Gaspar, o anti-Nobel primário
LERAM as justificações do comité sueco ao atribuir o Nobel de Economia? É um
ataque claro a Vítor Gaspar, só pode. O comité ditou para a ata: "Este
ano, o prémio recompensa um problema económico central: como associar
diferentes agentes o melhor possível." Se era para sublinhar exatamente o
que Gaspar não sabe fazer - ele que até o seu Governo desune -, não se
podia ser mais acintoso. Vítor Gaspar é perito em desassociar o melhor
possível até os agentes que nem diferentes são e pertencem ao mesmo
governo. Se houvesse um anti-Nobel de Economia, era ele.
Os americanos
Alvin Roth e Lloyd Shapley ganharam o prémio pelo seu trabalho sobre
como as diferentes escolhas podem ser feitas sem precisar dos preços
(dinheiro) como mecanismo. O trabalho deles, todos os jornais já falaram
disso, dedicou-se a pensar como os novos médicos se distribuem num
hospital e os estudantes numa escola, os casais se encontram para dar
certo, os órgãos transplantados chegam aos doentes... Enfim, coisas da
vida. Da vida, área que o nosso ministro das Finanças desconhece (e,
suspeito, tem raiva de quem conhece).
Vítor Gaspar lê aquilo das
"diferentes escolhas que podem ser feitas sem precisar do preço como
mecanismo", e afasta logo a ideia com a soberba lenta que o caracteriza.
Tudo que foge ao acerto de contas é-lhe indiferente. Mas esse não é o
problema maior. O problema maior é que, depois, ele não acerta as
contas.
«DN» de 17 Out 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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