A virgem e o selim
Por Ferreira Fernandes
CINCO
jornais europeus, incluindo o francês L'Équipe e o inglês The Times,
exigiram à UCI (União Ciclista Internacional) que ponha regras num
sector que só cede o pódio da sem-vergonha aos banqueiros do subprime.
Os jornais, em manifesto conjunto, dizem-se fartos de se emocionarem com
mentiras. Custa fazer com gosto e talento o culto de heróis e vir a
saber que são fraudes laboratoriais como Lance Armstrong.
No mesmo dia,
The New York Times, nas suas páginas de economia, dedicava também um
artigo ao ciclista texano. Aquela brasileirinha que não quer ser chamada
de galdéria por vender por 600 mil a sua virgindade ("é só uma vez...",
diz) tem uma desculpa que Armstrong não pode alegar. As
poucas-vergonhas no Tour de França foram feitas e refeitas por sete
vezes, o que nem a mais sofisticada cirurgia estética consegue com o
hímen. E deram mais vantagens: a fortuna de Lance Armstrong está
avaliada em cem milhões de euros.
Ah, mas agora, trafulhices provadas,
ele vai ter de devolver... É disso que o New York Times duvida. As
marcas patrocinadoras preferem esquecer. Estão a ver a FRS, honesto
suplemento vitamínico, dizer em tribunal: "Nas televisões dizia que nos
tomava mas, afinal, ele metia na veia sei lá o quê..." E a UPS,
patrocinadora da equipa de Armstrong por 32 milhões, que teve cem
milhões de dólares de retorno, vai queixar-se de quê?
Mais depressa o
japonês que comprou a virgindade terá razões para se arrepender.
«DN» de 28 Out 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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