Plano B que devia ter sido Plano A
A
VEDETA dos tempos de hoje: o Plano B. Nada mau para um povo acusado de
só ter olhos para o passado. Mudámos, agora é: ai, o que vai ser a
seguir... Aquele "ai" é que está a mais mas não se pode ter tudo.
O
futuro, pois. Pacheco Pereira, o pessimista lúcido, já disse, esta
semana, na Quadratura do Círculo, que não gosta dos termos "Governo de
Salvação Nacional", nem de "Governo de Iniciativa Presidencial", mas que
lá vai ter de ser, vai. Como diria uma das suas expressões favoritas,
"está escrito nas estrelas". Por acaso também está escrito numa crónica
minha, aqui, no dia seguinte às últimas legislativas. Ao governo que
devia ser chamei, simplesmente, "Governo". O programa era o assinado com
a troika e a composição era o que tinha de ser: sob a liderança do PSD,
o partido mais votado, a aliança com o PS e o CDS. Os três juntos
permitiam convencer melhor os portugueses sobre os sacrifícios. E os
três juntos permitiam que esses sacrifícios não fossem canalizados para
experiências particulares (na altura eu não sabia mas hoje pode
explicar-se melhor do que devíamos fugir: chamemos-lhe maluquices do
Gaspar).
O Plano B apresentei-o como Plano A. Mau analista político que
eu sabia ser, refugiei-me no bom senso e escrevi a crónica a 6 de junho
de 2011. Errei foi na última frase: "Pensem nisso, antes que os factos
obriguem a pensá-lo daqui a seis meses."
Fui tolamente otimista.
Precisámos de um ano e quatro meses.
«DN» de 14 Out 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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