15.11.12

A exceção num dia normal

Por Ferreira Fernandes
PORTUGUESES fizeram greve e manifestaram-se, não fizeram greve nem se manifestaram, fizeram greve sem se manifestarem e outros, por não poderem fazer greve (estão sem emprego), manifestaram-se, e até houve quem não fosse trabalhar porque outros faziam greve. Dia normal, o de ontem. 
O líder da CGTP considerou exemplar a greve, o Presidente trabalhou (recebeu um colega) mas considerou que "o direito à greve deve ser respeitado". Dia normal. 
Em Lisboa, o cortejo sindical desembocou, como já se torna tradicional, frente ao Parlamento e depois do discurso do líder sindical os manifestantes debandaram. A greve exigia medidas políticas e a Assembleia da República era o local certo; e foi normal o ir para casa, os da CGTP são conhecidos por ordeiros. 
Normal, ainda, embora já não institucionalmente normal, que um punhado tenha ficado no sopé da escadaria do Parlamento. Desse punhado choveram pedras sobre a polícia. 
Repito, normal. O mundo seria enfadonho se todos fizessem tudo pelas regras e leis. Já não acharia normal que à polícia lhe desse para se pôr aos tiros, mas ela portou-se normalmente, varreu à bastonada os das pedras. 
Tudo normal, ontem. Excepto, claro, aquele rapazola, ex-indignado (recente), que sentado num muro mostrava o dói-dói a dois polícias, complacentes. Queixava-se de quê?! Os polícias melhoraram, e isso é normal, mas já os rapazolas indignados, não. Estão demasiado sensíveis. É isso normal? 
«DN» de 15 Nov 12

Etiquetas: ,