26.11.12

Espanha ainda mais perigosa

Por Ferreira Fernandes
A POLÍTICA dá-se mal a fazer bluff. Com este, mesmo sem sorte, ganha-se ao póquer. Na política, não. 
Artur Mas era presidente regional da Catalunha e líder do CiU, partido conservador e com tradição de negociar com Madrid. Aconteceu, porém, aquela borboleta da crise bancária que bateu demasiado as asas nos Estados Unidos, exportou o furacão global e este também chegou a Barcelona. Então, a CiU (terceira força política nas Cortes de Madrid), que ainda no ano passado negociava a ida de membros seus para o Governo do PP, deu para espingardar numa de independentista. Artur Mas dissolveu o Parlamento catalão, chamou a eleições para ontem, declarando querer uma maioria absoluta (antes tinha 62 deputados, precisava de 68) para propor um referendo de independência. 
Que acontecera a Mas? A febre da crise que já endoidou mais do que um político europeu: a bancarrota da Catalunha e os necessários cortes sociais a fazer. Provavelmente, Mas só queria fundo de maneio eleitoral para chantagear Madrid. Fugiu para a frente e deu-se mal: ontem, perdeu deputados e só ficou com 50. 
Então, tudo na mesma aqui ao lado? Errado, se o eleitorado fez manguito ao nacionalista da tanga, plebiscitou o original: o radical independentista ERC duplicou os votos e tornou-se ontem a segunda força na Catalunha. Nem Mas nem meio mas, afinal foi ERC... 
Moderados armados ao pingarelho acabarem tosquiados é o que há de mais comum na História.
«DN» de 26 Nov 12

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