Espanha ainda mais perigosa
A POLÍTICA dá-se mal a fazer bluff. Com este, mesmo sem sorte, ganha-se
ao póquer. Na política, não.
Artur Mas era presidente regional da
Catalunha e líder do CiU, partido conservador e com tradição de negociar
com Madrid. Aconteceu, porém, aquela borboleta da crise bancária que
bateu demasiado as asas nos Estados Unidos, exportou o furacão global e
este também chegou a Barcelona. Então, a CiU (terceira força política
nas Cortes de Madrid), que ainda no ano passado negociava a ida de
membros seus para o Governo do PP, deu para espingardar numa de
independentista. Artur Mas dissolveu o Parlamento catalão, chamou a
eleições para ontem, declarando querer uma maioria absoluta (antes tinha
62 deputados, precisava de 68) para propor um referendo de
independência.
Que acontecera a Mas? A febre da crise que já endoidou
mais do que um político europeu: a bancarrota da Catalunha e os
necessários cortes sociais a fazer. Provavelmente, Mas só queria fundo
de maneio eleitoral para chantagear Madrid. Fugiu para a frente e deu-se
mal: ontem, perdeu deputados e só ficou com 50.
Então, tudo na mesma
aqui ao lado? Errado, se o eleitorado fez manguito ao nacionalista da
tanga, plebiscitou o original: o radical independentista ERC duplicou os
votos e tornou-se ontem a segunda força na Catalunha. Nem Mas nem meio
mas, afinal foi ERC...
Moderados armados ao pingarelho acabarem
tosquiados é o que há de mais comum na História.
«DN» de 26 Nov 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home