O futuro está no repartir
NO PASSADO fim de semana, Miranda do Douro chamou as atenções
internacionais por causa do encontro de mirandeses no adro da Catedral
para marcar um referendo sobre a independência. A Sé Catedral mirandesa
não teve um arquiteto tão famoso como Gaudí, mas também a Sagrada
Família não tem o Menino Jesus da Cartolinha. O encontro no adro levou a
especulações que ultrapassaram o âmbito meramente político: o Clube de
Futebol Mirandês, caso o referendo vingue, voltaria a jogar na distrital
da Associação de Futebol de Bragança ou ingressaria na Liga Espanhola,
ao lado do Real Madrid? E Duarte Lima pediria asilo à cidade da sua
infância?
À parte essas dúvidas colaterais, uma eventual independência
de Miranda do Douro é encarada pelas instâncias internacionais com
naturalidade. Por um lado, a dívida da região mirandesa é muito inferior
à do resto de Portugal. Por outro, existe uma forte unidade nacional
linguística, que junta 16 das freguesias da região, de Dues Eigreijas a
Bila Chana de Barceosa (a que Lisboa ainda chama Duas Igrejas e Vila Chã
de Braciosa). Acresce que com o precedente aberto a 17.ª freguesia,
Sendim, unida à volta da sua língua, o sendinense, também poderia aceder
à sua própria independência.
Saúde-se esta tendência moderna que, por
ironia, acontece quando o primeiro-ministro inglês, num ato retrógrado,
escolheu ontem para presidente do Banco de Inglaterra um canadiano.
«DN» de 27 Fev 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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