O jeito que dão certos inimigos
Por Ferreira Fernandes
PINTO da Costa está para Paulo Bento como o chefe dos atiradores de
pedras está para o Governo: um amigalhaço. Não que o Jorge Nuno e o
Bento, por um lado, o "Calhau" e o Passos, por outro, almocem juntos às
escondidas e se riam dos lorpas que somos por os julgar desavindos. Não,
cada dueto das respetivas parelhas é sincero, não se grama mesmo entre
si. Mas o facto, não as intenções, é que a melhor declaração pública,
desde há meses, de um membro do Governo aconteceu esta semana com o
ministro Miguel Macedo. Este pôde defender os seus polícias (que durante
hora e meia os portugueses viram ser agredidos) e até aproveitou a maré
para mostrar sentido de Estado ao elogiar o comportamento ordeiro da
CGTP. E quem permitiu esse brilharete de um ministro, quem foi? Os
encapuzados, lançadores de calhaus.
Noutro desporto, aconteceu esta
semana a mesma bizarra aliança. Estava o treinador nacional de futebol
mais uma vez demonstrado incompetente - agora, até o Gabão! - e veio
Pinto da Costa salvá-lo, lançando-lhe não pedras mas farpas: que Paulo
Bento lhe tinha cansado os jogadores do FC Porto. Evidentemente, Paulo
Bento agradeceu a oportunidade e apressou-se a explicar tudo sobre ter
levado Moutinho e Varela à África. Bendita necessidade de explicação:
assim, Paulo Bento não foi obrigado a falar da cada vez maior
probabilidade de não levar esses jogadores (nem nenhum outro, aliás) ao
Brasil, ao Mundial.
«DN» de 17 Nov 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
E dessa maneira todos arranjam gabão.
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