A ver vamos
Por Joaquim Letria
SEMPRE ouvi dizer que vale mais um mau acordo
do que uma boa querela. Compreende-se porquê, atendendo ao trabalho,
preocupações e despesas que levar uma querela até ao fim pode custar, além da
imponderabilidade das decisões judiciárias, por muito favoráveis que possam
parecer.
Além destes factos, há ainda o tempo necessário para se conseguir
obter uma decisão. A demora em se conhecer o resultado é tão grande, que muitos
advogados recomendam aos seus constituintes que obtenham outro tipo de acordo
com a outra parte. Entre nós, processo que não demore uma década, com
sentenças, recursos e decisões finais, não é processo! De tal maneira que, por
esse motivo, Portugal é recorrentemente condenado pelo Tribunal Europeu dos
Direitos do Homem.
As sentenças ao fim de 10 anos são tão tardias que já não
constituem, muitas vezes, justiça, violando a Convenção Europeia dos Direitos
do Homem. Ainda recentemente o Estado Português foi condenado por três vezes
por essa razão. Para além de violar os direitos fundamentais das pessoas,
também a economia se ressente desse facto, com situações demoradas que
prejudicam empresas e afastam possíveis investidores estrangeiros.
Há quem diga que se está à procura duma solução. A ver vamos…
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