27.12.12

Quem de me dera entrevistar o Artur!

Por Ferreira Fernandes
O JORNALISTA Nicolau Santos cometeu o mais visível dos erros, o erro rídiculo. Não foi o único, mas exatamente por uma das razões de que gosto dele (tem opinião clara), saltaram-lhe ao caminho. 
NS entrevistou um burlão, dando de barato as credenciais com que ele se apresentara. Foi um erro, não foi um crime. Crime seria, sendo patrão de um programa de debate, NS só levar lá gente de um bordo. Mas lembrem-se das dezenas de Expresso da Meia-Noite, e a variedade de quem se sentou à direita e à esquerda da mesa. Contudo, essa atitude profissional não o livrou da perfídia, nestes dias muito difundida (até entre colegas), de que ele entrevistou o aldrabão porque este atacava o governo. 
Batam no NS, pelo seu erro, que neste caso ele merece - e é profissional com lombo para aguentar -, mas batam decentemente. E, sobretudo, não se esqueçam do que é, nos jornais, o grande crime: a situação em que nós jornalistas deixámos cair o essencial do jornalismo, fazendo a reportagem quase ausente dele. A prova disso é o pouco que ainda hoje se sabe desse personagem de quem gostaríamos de saber tudo e já: Artur Baptista da Silva. Sem os fornecimentos usuais do Ministério Público e da PJ, sentimo-nos órfãos dos factos... E digo estas coisas sérias com irritação de ter de as dizer. 
Eu gostava era de acabar o ano falando, agora que ele já não é economista, de uma das poucas coisinhas boas que nos aconteceram: Artur Baptista da Silva, ele próprio. 
«DN» de 27 Dez 12

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