Luz - Muro das Lamentações, Jerusalém 2012
Fotografias de António Barreto- APPh
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A
minha visita ao Muro das Lamentações trouxe-me a confirmação de um facto por
mim conhecido há muito: mesmo conhecidas por outras vias, mesmo vistas mil
vezes em cinema, fotografia ou televisão, mesmo lidas dezenas de vezes em
jornais ou livros, mesmo contadas vezes sem fim por outras pessoas, certas
coisas, pessoas ou situações, quando visitadas pela primeira vez,
surpreendem-nos sempre! Foi o que aconteceu neste Muro famoso. Foi o que senti
quando me aproximei de pessoas como esta que rezavam diante do Muro, por vezes
inteiramente coladas às pedras! O ambiente à volta é inesquecível. Há tensão,
disciplina, silêncio, murmúrio de orações, medo de provocações e um sentimento
pouco amistoso por parte dos que querem rezar em privado e são perturbados
pelos numerosos turistas que querem ver, às vezes compreender, quase sempre
fotografar. Em certos dias não se pode entrar, ou falar ou fotografar. Noutros
dias especiais, os gentios são afastados. Há cânticos e melopeias. Há silêncios
que parecem gemidos. Naquelas fendas entre as pedras, como a que se vê nesta
imagem, jazem milhares de bilhetes com nomes e orações, pedidos e promessas...
De vez em quando, uma operação de limpeza liberta as fendas para que tudo recomece.
Há sítios que ficam aquém do que se espera e são verdadeiras desilusões. Há
locais que correspondem ao que se pretende. Há ainda os que ultrapassam tudo o
que se esperava. Nesta última categoria, incluo Veneza, o deserto do Sara, Hong
kong, Nova Iorque, Chartres, a Patagónia, o Machu Pichu... Israel e o Muro
ficam neste grupo, sem dúvida. Pelas boas e pelas más razões. (2012)
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