15.12.12

Os nossos ursos-marinhos e os juízes

Por Ferreira Fernandes
HÁ DIAS, apanhei-me a ler um artigo com mais interesse do que geralmente dedico aos textos de divulgação científica. O The New York Times contava casos da vida animal em que na atividade reprodutiva o "radar de reconhecimento de possíveis companheiros falham." Na ilha Marion (nas frias águas antárticas), um biólogo testemunhou os avanços feitos por um urso-marinho a um pinguim, confundindo-o com uma fêmea da sua espécie. O pinguim não foi na confusão, fugia, e o urso acabou por matá-lo e comê-lo, dessa vez sem metáforas. 
Diz o artigo que esse comportamento não é tão incomum assim, acontece entre insetos, rãs, peixes e pássaros... Os ursos-marinhos são os mais estudados nestes radicais enganos de parceiro. O desacerto acontece em casos de machos mais fracos do grupo que ficam sem par em plena época reprodutiva: empurrados pela testosterona, tudo o que vem à rede é ursa-marinha. Houve um caso na baía de Monterrey, na Califórnia, de um urso-marinho atacar sexualmente e matar cinco jovens focas. 
Os biólogos ouvidos pelo jornal lembram que "na natureza não existe o bem e o mal" e que estes casos "estão dentro da diversidade do comportamento normal possível." Sem dificuldade, concordo com eles. Já me assusta mais os juízes portugueses armarem-se em biólogos e soltarem os ursos não marinhos que batem nas mulheres. Até que um dia (não virá no The New York Times mas no Correio da Manhã), excitado pela testosterona, o urso a mata. 
«DN» de 15 Dez 12

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