13.12.12

Vender Lisboa como a Senhora das Naus

Por Ferreira Fernandes
HÁ DEZ ANOS houve três filmes inspirados em O Senhor dos Anéis e chega hoje aos cinemas o primeiro, O Hobbit - Uma Viagem Inesperada, de outra série de três filmes sobre os livros de Tolkien. 
Não sou dado a aventuras de elfos e anões (problema meu, dizem-me que Tolkien é muito bom), mas a mesma razão que leva António Sala a recomendar-nos a comprar ouro - o raio da crise - levou-me a interessar por estas séries. A de há dez anos e a atual foram filmadas na Nova Zelândia, com apoio financeiro estatal e, até, interferência governamental para limar conflitos laborais durante as filmagens. 
Da primeira vez, o turismo explodiu à volta do belíssimo lago Wakatipu (quando lá estive dificilmente convencia os neozelandeses que estava lá por causa da paisagem e não pelo cenário das filmagens). Agora, uma campanha internacional insiste de novo para que a Terra Média da saga leve mais turistas à autêntica Nova Zelândia. 
O interesseiro que há em mim desde a crise ficou logo com os olhos a piscar cifrões: e nós?! A Nova Zelândia fica nos antípodas e não se vai para lá por florestas mitológicas mas por rotas que começaram por ser abertas pelos navegadores portugueses de Quinhentos. Esses, os nossos Elfos, Ents e Hobbits (Gamas e Magalhães) mereciam uma campanha planetária, filmes e museus bem explicadinhos. 
 Enfim, vender Lisboa como a Senhora das Naus. Era como a ideia do Álvaro sobre o pastel de nata, mas em bom, em grande e com ambição. 
«DN» de 13 Dez 12

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