O engraçadismo e a enfermeira
DA AUSTRÁLIA, um duo de engraçadistas profissionais entrou no quarto do
hospital londrino de Kate, a mulher do príncipe William. Gravando para
uma rádio, a mulher do duo telefonou para a receção e apresentou-se como
"a Rainha". A enfermeira Jacintha Saldanha, que recebeu a chamada, nem
deu pela pronúncia grosseira, passou o telefonema para o quarto de Kate,
onde outra enfermeira, também enganada, forneceu dados sobre a gravidez
ducal ou lá o que é.
Os australianos gozaram que nem uns perdidos e a
casa real protestou. Ontem, Jacintha Saldanha foi encontrada morta; por
suicídio, julga a polícia.
O engraçadismo vai continuar, é um género
cruel e popular, gosta-se sempre de ver gente ridicularizada; e é um
género fácil, as vítimas são sempre os mais fracos, mesmo quando parece
querer beliscar-se a Rainha quem sai esfolado são enfermeiras (veja-se,
ainda, como os nossos "apanhados" televisivos são quase sempre
imigrantes ou pobres, nunca poderosos).
A casa real britânica vai também
continuar a filtrar as notícias pessoais que lhe interessam e a
indignar-se com as outras. De novo, neste caso, só o mexilhão que não
acolheu o vexame mansamente.
Jacintha Saldanha não suportou que se
tivessem rido da forma como ela exerceu a sua profissão. É uma surpresa
extraordinária, isso de haver gente com pundonor. Olha, pode ser a
desculpa dos australianos: como é que engraçadistas iam adivinhar que
ainda havia gente assim?
«DN» de 8 Dez 12Etiquetas: autor convidado, F.F
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