A onda é a nossa Nokia
GARRET McNamara é só o último de uma linhagem secular: as ondas de
Portugal tornam os homens grandes. Ontem, a capa do Times de Londres
tinha uma imensa pincelada de verde. Dentro, falava-se do surfista e do
recorde, mas o essencial estava na foto da capa: a nossa onda. Amanhã
virão mais McNamaras para o nosso Himalaia em movimento, homens que
passam. Mas as ondas ficam e repetem-se. O mais importante é que as
nossas ondas não são daquelas atrações exóticas, como gôndolas em Las
Vegas, compradas por fundos. Elas são autenticamente nossas, fundaram o
Portugal que interessou ao mundo. Qualquer exposição sobre Portugal
deveria abrir com uma parede larga e alta de 30 metros, a onda. E
vendia-se, saindo de conchas ou headphones, os sons da onda de Portugal.
A onda é o nosso ADN, o nosso destino e a nossa Mensagem.
Pensávamos
que era relação acabada, coisa antiga, mas ei-la que volta. Como que a
reivindicar o que o outro queria para o pastel de nata, ser nossa
bandeira, mas com muito mais substância. Peguemos no povo que é tudo o
que não somos, os finlandeses das contas certas e da Nokia que nos
atiram à cara. Mostremos-lhes a onda. Com eles perplexos, expliquemos:
os clássicos tinham a palavra norte como sinónimo de longínquo e
extremo. Eles eram o norte, isto é, remotos. Foi com as viagens dos
portugueses, aumentando o mundo, que eles se aproximaram. No fundo, nós
metemo-los na Europa.
Quanto vale a nossa onda em royalties?
«DN» de 31 Jan 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
E se a onda arrastasse daqui para fora, definitivamente, o Farsola de Massamá, o Relvas e o Gaspar, então sim, podíamos por a cabeça de fora de água.
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