E os nossos em verso como seriam?
Por Ferreira Fernandes
SOMOS
procrastinadores, entre nós a pergunta oficial é sempre a mesma: qual é
a pressa? Em matéria de prazos públicos, prefiro os franceses: eles já
sabem que a 1 de abril sai o novo disco da pré-reformada primeira dama
Carla Bruni. Os jornais franceses descobriram o nome do álbum, Little
French Songs, e sabem que não há ali traição à língua, só oportunidade
comercial (a cantora Bruni tem de recuperar o quinquénio perdido para a
pátria, no Eliseu). O disco é uma homenagem a glórias francesas como
Édith Piaf e Charles Trenet. Justamente, Piaf tem uma canção de amor
arrebatador: Mon Légionnaire. E Bruni canta no novo disco o seu amor:
Mon Raymond. Ela não podia ser explícita, tiraria a poesia chamar-lhe
Mon Nicolas... Mas o Raymond dela é, sem dúvida, o hiperativo Sarkozy
que, nos murmúrios sensuais que a Bruni empresta à voz, se adivinha em
combates entre lençóis. Sai letra: "Mon Raymond tem tudo de bom e de
autêntico/ Para passar o Rubicão nunca hesita/ Mon Raymond é um canhão, é
a bomba atómica..." E assim por diante, até aos dois versos finais,
mais públicos: "Mon Raymond é ele o patrão, é o dono da loja/ E apesar
de trazer gravata, Mon Raymond é um pirata."
Então, Sarkozy voltará a
líder da direita francesa (penúltimo verso) ou prefere um destino de
financeiro arrojado (último verso)? Seja o que for, é um sortudo com
mulher tão apaixonada. É o que eu dizia, a política francesa é bem mais
interessante...
«DN» de 29 Jan 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
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