28.1.13

E os nossos em verso como seriam?

Por Ferreira Fernandes
SOMOS procrastinadores, entre nós a pergunta oficial é sempre a mesma: qual é a pressa? Em matéria de prazos públicos, prefiro os franceses: eles já sabem que a 1 de abril sai o novo disco da pré-reformada primeira dama Carla Bruni. Os jornais franceses descobriram o nome do álbum, Little French Songs, e sabem que não há ali traição à língua, só oportunidade comercial (a cantora Bruni tem de recuperar o quinquénio perdido para a pátria, no Eliseu). O disco é uma homenagem a glórias francesas como Édith Piaf e Charles Trenet. Justamente, Piaf tem uma canção de amor arrebatador: Mon Légionnaire. E Bruni canta no novo disco o seu amor: Mon Raymond. Ela não podia ser explícita, tiraria a poesia chamar-lhe Mon Nicolas... Mas o Raymond dela é, sem dúvida, o hiperativo Sarkozy que, nos murmúrios sensuais que a Bruni empresta à voz, se adivinha em combates entre lençóis. Sai letra: "Mon Raymond tem tudo de bom e de autêntico/ Para passar o Rubicão nunca hesita/ Mon Raymond é um canhão, é a bomba atómica..." E assim por diante, até aos dois versos finais, mais públicos: "Mon Raymond é ele o patrão, é o dono da loja/ E apesar de trazer gravata, Mon Raymond é um pirata." 
Então, Sarkozy voltará a líder da direita francesa (penúltimo verso) ou prefere um destino de financeiro arrojado (último verso)? Seja o que for, é um sortudo com mulher tão apaixonada. É o que eu dizia, a política francesa é bem mais interessante... 
«DN» de 29 Jan 13

Etiquetas: ,