Ele há passos em frente que não o são
Por Ferreira Fernandes
A MALIANA Khaira Arby, conheço-a do YouTube, passeando-se na areia da sua cidade, Tombuctu. Ela é feia, até que se transforma na diva dos blues do deserto, poderosa e magnífica. Mas Tombuctu já não é dela. Há meses, os militantes islâmicos expulsaram-na de casa e disseram-lhe que se ela voltasse a cantar lhe cortariam a língua.
Por outro lado, esta semana, o Pentágono anunciou que as militares americanas passam a poder ir para a frente de combate.
Os noticiários destes dias são dialéticos. Na frente das notícias sobre género, umas vezes calam-se as mulheres, outras anunciam-se igualdades. Um murro nos dentes, um beijo na boca... Às vezes, ainda, surgem notícias sobre o velho e não resolvido assunto - as mulheres no mundo - sem que saibamos em que sentido as arrumar: elas vão adiante ou recuam?
Na quarta-feira, no estado de Bengala Ocidental, Índia, abriu o primeiro tribunal em que todos os juízes, advogados e demais pessoal judiciário são mulheres. Este tipo de tribunal surge depois da recente violação de uma estudante em Nova Deli, horror que comoveu o mundo e amotinou parte da Índia. Uma advogada disse que "quando há homens à volta, a vítima não fala, envergonhada." Outra disse que nestes tribunais femininos "as vítimas devem sentir uma atmosfera amiga para as mulheres". Há controvérsia. Mas eu não tenho a menor dúvida: a língua de Khaira Arby, a salvar-se, será porque mulheres e homens se juntam.
"DN" de 26 Jan 13Etiquetas: autor convidado, F.F
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