15.1.13

O 'pacemaker' e o hospital privado

Por Ferreira Fernandes
A SAÚDE em polémica, com a entrevista de Soares dos Santos e o internamento de Mário Soares. O dono do Pingo Doce disse: "Tenho um pacemaker colocado pelo Estado que não me custou nada. Não admito isso." E o ex-presidente da República, com uma indisposição, foi internado no privado Hospital da Luz. Um homem que pagou com os seus impostos o direito de se servir do SNS (Soares dos Santos é modesto quando diz "não me custou nada"), mostra-se incomodado por, tendo posses, ter um pacemaker a preço igual ao de um pobre: "Não admito isso." A solução é fácil: que ele ofereça um pacemaker ao hospital. 
Resolvido isto, passemos ao outro caso, apresentado por alguns como uma contradição de um homem que defende o SNS: Mário Soares não deveria ter ido para o Hospital de Santa Maria? Não discuto questões tão pessoais que só dizem respeito ao próprio e seus familiares. Mas é legítimo assinalar uma provável contradição entre o que um político diz e o que faz. 
Vejamos se houve, ou não, contradição. Soares defende o SNS em palavras? Sim, Mário Soares quer um SNS em que qualquer cidadão tenha direito, por exemplo, a um pacemaker. E em atos, Soares atacou o SNS? Não, Soares não retirou a ninguém o direito de ter um Hospital de Santa Maria. Ele foi para a Luz porque se calhar queria um quarto melhor (e nada temos com isso). 
Conclusão, duas polémicas baratas, que se resolvem pelo preço de um pacemaker, ainda por cima pago por um milionário. 
«DN» de 15 Jan 13

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1 Comments:

Blogger JARRA said...

O que eu não admito é que Soares dos Santos não pague os impostos cá! De resto tem direito aos tratamentos devidos a qualquer português!
Quanto a Soares é uma questão de exemplo ético que só o prejudica a ele ( e aparentemenente beneficia a nós, pois alivia o SNS). Bom tema para investigação jornalística - quem paga a conta no Hospital da Luz - seremos nós?

17 de janeiro de 2013 às 10:09  

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