17.1.13

Peguem num mapa e assustem-se

Por Ferreira Fernandes
HOJE, o nosso primeiro-ministro vai encontrar-se com François Hollande. Tema de agenda, a próxima cimeira europeia e quanto nos pode calhar em euros. É desnecessário dar conselhos na matéria - deve e haver e outros equilíbrios orçamentais são as nossas únicas políticas. Passos irá com os dossiers memorizados, estou certo. Permito-me é lembrar que faça uma alusão aos soldados franceses. Pôr olhos de caloroso interesse, Passos sabe como é, e voz de preocupação: "J'espère que tout va bien..." Não dizer muito mais, não vá o outro pensar que nos queremos meter no vespeiro e nós não temos dinheiro para tropas nem para mandar cantar um jihadista. Mas insisto no cuidado porque se Passos aparece no Eliseu só com o que ouviu nas televisões portuguesas e leu nos nossos jornais é capaz de nem saber que os franceses estão a guardar o nosso quintal. Os franceses foram para o Mali (não é Marte, mas para nós é o mesmo) e ainda ontem os islâmicos assanhados atacaram uma refinaria em Amenas, no Leste da Argélia, e fizeram 41 reféns ocidentais. 
Amenas fica três vezes mais perto de Argel do que da capital maliana, Bamako, que os franceses foram defender. Já entendemos melhor por onde anda a Al-Qaeda: um mar de deserto que apanha a Líbia, o Níger, o Mali, o Burkina, a Nigéria, a Mauritânia e o Sul da Argélia. Um mar que se aproxima, portugueses... Daí a aventura francesa ser, afinal, uma prudência. E assunto nosso. 
«DN» de 17 Jan 13

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