Peguem num mapa e assustem-se
Por Ferreira Fernandes
HOJE,
o nosso primeiro-ministro vai encontrar-se com François Hollande. Tema
de agenda, a próxima cimeira europeia e quanto nos pode calhar em euros.
É desnecessário dar conselhos na matéria - deve e haver e outros
equilíbrios orçamentais são as nossas únicas políticas. Passos irá com
os dossiers memorizados, estou certo. Permito-me é lembrar que faça uma
alusão aos soldados franceses. Pôr olhos de caloroso interesse, Passos
sabe como é, e voz de preocupação: "J'espère que tout va bien..." Não
dizer muito mais, não vá o outro pensar que nos queremos meter no
vespeiro e nós não temos dinheiro para tropas nem para mandar cantar um
jihadista. Mas insisto no cuidado porque se Passos aparece no Eliseu só
com o que ouviu nas televisões portuguesas e leu nos nossos jornais é
capaz de nem saber que os franceses estão a guardar o nosso quintal. Os
franceses foram para o Mali (não é Marte, mas para nós é o mesmo) e
ainda ontem os islâmicos assanhados atacaram uma refinaria em Amenas, no
Leste da Argélia, e fizeram 41 reféns ocidentais.
Amenas fica três
vezes mais perto de Argel do que da capital maliana, Bamako, que os
franceses foram defender. Já entendemos melhor por onde anda a Al-Qaeda:
um mar de deserto que apanha a Líbia, o Níger, o Mali, o Burkina, a
Nigéria, a Mauritânia e o Sul da Argélia. Um mar que se aproxima,
portugueses... Daí a aventura francesa ser, afinal, uma prudência. E
assunto nosso.
«DN» de 17 Jan 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
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