Sobre radicalismos
Por Alfredo Barroso
O RADICAL agressivo chama os bois pelos nomes: se o destinatário do insulto é um filho da puta, chama-lhe filho da puta! Já o radical chique tenta ser mais subtil: chama-lhe filho de uma senhora sem cama certa! Só que uma senhora assim não é necessariamente uma meretriz. Logo: está a ser feita uma generalização abusiva. Cuidado!
Veja-se também a coisa pelo lado do pai, que pode ser homem de uma só cama casado com mulher sem cama certa. Neste caso, o radical agressivo pode, se for caso disso, insultar o filho do casal chamando-lhe: filho de um cornudo! Já o radical chique preferirá chamar-lhe: filho de um boi! Mas, atenção: os bois não devem ser menosprezados, já que, como dizia Camilo, são «ricos mananciais de bifes». Embora seja certo que D. Isabel Jonet acha que o povo não pode estar a comê-los todos os dias. Em todo ocaso, ando agora a fazer uma investigação para saber quando é que o povo os comia todos os dias. Será que vou descobrir a existência de um radicalismo bovino?!
Todas estas considerações resultam do facto de eu ser considerado um radical agressivo e nunca ter sido capaz de me tornar um radical chique. Até porque nunca consegui, nunca quis ou nunca pude praticar o tal radicalismo bovino que D. Jonet condena…
6 Jan 13
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