5.1.13

A caça ao violador de segredos

Por Ferreira Fernandes
ONTEM pode ter sido um banalíssimo dia de abertura de mais um inquérito. Ou um importante dia para o Ministério Público e, sobretudo, para o seu dever com os cidadãos. A PGR Joana Marques Vidal ordenou a um inspetor do Ministério Público uma auditoria aos inquéritos feitos nos últimos dois anos aos crimes de violação de justiça. A PGR quer saber como procederam os autores dos inquéritos passados, que se armaram com redes de apanhar borboletas e não trouxeram nem uma mariposa para amostra. A violação do segredo de justiça põe em causa êxito das investigações criminais, diz a PGR. E está certa. Quem viola gosta de se aureolar com um contributo cívico e deixa pairar a ideia de que deu a conhecer de forma indevida uma investigação porque ela não avançaria de outra forma... Ora décadas de violações do segredo de justiça mostram que isso não é verdade. 
Não são os jornalistas com a sua famigerada "investigação" que destapam alguma coisa. Eles são meros baldes de lixo onde se depositam os tais segredos. As violações são feitas de dentro, pelos que investigam, ou melhor, pelos que não investigam. Esses divulgam sub-repticiamente ou por interesse venal (que pode ser também político) ou, a mais das vezes, por incapacidade profissional. Sabendo que a sua investigação pífia não levaria a nada, violam o segredo para esconder a sua impotência. Joana Marques Vidal está certa: quem divulga trai a investigação criminal. 
«DN» de 5 Jan 13

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