O caso da bilheteira explosiva
Por Ferreira Fernandes
ONTEM à tarde, a polícia alemã preveniu os passageiros de que há bilheteiras a
explodir nas estações de comboio. Desde abril, no estado de Hesse, um
bando tem tapado todas as saídas das máquinas e injeta-lhes gás. As
caixas explodem e os gatunos recolhem notas e bilhetes. Mas a tentativa
de roubo falhou em alguns casos e há máquinas prenhes de gás, não se
sabe onde. Daí o conselho: cuidado.
A notícia deixou-me perplexo.
Abstenho-me de comentários sobre a pancada que os criminosos alemães têm
pelo gás. O que a notícia tem de extraordinário é isto: desilude quem
acredita na organização germânica.
Recapitulemos: há perigo de explosão
das máquinas bilheteiras; conselho policial: tenham cuidado. Ai, é?! O
passageiro fica a olhar, com risco de perder o comboio? Espera que outro
passageiro se chegue à frente? E se o passageiro é alemão, exige o
procedimento oficial de quando há problemas explosivos e manda à frente
os gregos, portugueses, espanhóis que estejam no cais? Ou o passageiro
alemão arma-se em português (cito as palavras, também de ontem, do
presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos: "Portugal habitou-se
a confiar na sorte") e aposta meter a moeda (cara, bilhete para
Frankfurt, coroa, bilhete para o Além)?
Alemães sem solução para uma
questão de transportes é preocupante. Mas esperemos que tenham aprendido
pelo menos uma lição: quando se fecham todas as saídas, há risco de
explosão.
«DN» de 31 Mai 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home