31.5.13

O caso da bilheteira explosiva

Por Ferreira Fernandes
ONTEM à tarde, a polícia alemã preveniu os passageiros de que há bilheteiras a explodir nas estações de comboio. Desde abril, no estado de Hesse, um bando tem tapado todas as saídas das máquinas e injeta-lhes gás. As caixas explodem e os gatunos recolhem notas e bilhetes. Mas a tentativa de roubo falhou em alguns casos e há máquinas prenhes de gás, não se sabe onde. Daí o conselho: cuidado. 
A notícia deixou-me perplexo. Abstenho-me de comentários sobre a pancada que os criminosos alemães têm pelo gás. O que a notícia tem de extraordinário é isto: desilude quem acredita na organização germânica. 
Recapitulemos: há perigo de explosão das máquinas bilheteiras; conselho policial: tenham cuidado. Ai, é?! O passageiro fica a olhar, com risco de perder o comboio? Espera que outro passageiro se chegue à frente? E se o passageiro é alemão, exige o procedimento oficial de quando há problemas explosivos e manda à frente os gregos, portugueses, espanhóis que estejam no cais? Ou o passageiro alemão arma-se em português (cito as palavras, também de ontem, do presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos: "Portugal habitou-se a confiar na sorte") e aposta meter a moeda (cara, bilhete para Frankfurt, coroa, bilhete para o Além)? 
Alemães sem solução para uma questão de transportes é preocupante. Mas esperemos que tenham aprendido pelo menos uma lição: quando se fecham todas as saídas, há risco de explosão. 
«DN» de 31 Mai 13

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