De Adolfo Luxúria Canibal ao Palito
Por Ferreira Fernandes
Um tipo dialético, com nome de tremer, Adolfo Luxúria Canibal, e cara de Boticário, hidratante facial, gel e um niquinho de Malbec Balm, está a lançar um álbum e não o faz com mão morta mas aos tiros. Voz gutural, mas não confundir com a das tias de Cascais, o arranhado no nosso homem é de indignação social. Diz-nos no álbum e no vídeo: "Pelo Meu Relógio São Horas de Matar." Se não percebem, ele ilustra no vídeo com a canção ao fundo. "Matar. Matar. Matar", diz em mimoso verso. É essa "a resposta poética à crise", diz também. E o nosso Adolfo, de pistola em punho, mata numa luxúria que se farta. À porta do BPN, do Parlamento, de Belém, de igreja e de tribunal, mata disparando. Reparem: mata atores fazendo de um talvez banqueiro, um talvez deputado, um talvez padre e um talvez juiz, que caem ensanguentados. Nos talvez, o nosso Canibal é certeiro. No vídeo também aparecem ministros antigos e atuais e um presidente, todos reconhecíveis, e aí também o nosso desesperado mete a bala na câmara. Mas não o vemos a disparar... Perceberam? Adolfo, além de usar bálsamos também usa advogados. Ele incita, mas na hora de problemas legais, finta: "Acho muito abusivo alguém pensar que é um apelo à violência", diz. Claro, claro. Olha, faz-me lembrar o indignado Palito. Tiros em mulheres desarmadas. Ontem, na hora de ser preso, armado, não ofereceu resistência... Se fosse cantor chamava-se Inocêncio Candura Vegetariano. Sonsos, os dois.
«DN» de 22 Mai 14Etiquetas: autor convidado, F.F
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