Quem muito dá bocas fica debaixo de olho
Por Ferreira Fernandes
Marinho e Pinto tem daquelas coisas que, num país de cágados, me faz gostar dele: dá bocas. Marinho e Pinto tem daquelas coisas que, em quem dá bocas, me põe de pé atrás em relação a ele: é desbocado. Estamos apresentados: gosto dele pela condição rara e essa condição faz-me desconfiar dele. Em agosto, ele disse: "Verifiquei uma coisa que não sabia antes: o Parlamento Europeu não tem utilidade, é um faz-de-conta, não manda nada."
Dois meses e meio antes, ele pediu-me o voto para uma coisa que não tem utilidade, é faz-de-conta e não manda nada... Só um desbocado viria arrasar uma função para a qual tentou desinquietar-me, e que em meros dois meses e meio viu a perfeita inutilidade. Outro deputado, cágado, perante o ato por si cometido - que só pode ser de vígaro ou de ingénuo - calar-se-ia. Marinho e Pinto, não. Dá bocas.
Por isso gosto dele. Mas, lá está, também mais desconfio. Fui ver e vi que desde agosto, mês da iluminação, Marinho e Pinto continua a ganhar um ordenado por fazer de conta num lugar inativo! Ontem, fiquei contente por saber que ele procura alternativa a esse ócio remunerado: criou um novo partido, o PDR. Boa, o desbocado vai voltar a ter uma tribuna onde trabalhar.
E, de facto, já desbocou: "Vou fazer o striptease que outros se recusam a fazer. Não tenho nada a esconder em relação ao chorudo salário [de eurodeputado] que me pagam." Perdão, o que se lhe pede não é striptease, é despir-se desse ordenado.
«DN» de 6 Out 14
Etiquetas: autor convidado, F.F
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