8.10.14

Um cão vivo não vale a hipótese de um homem morto

Por Ferreira Fernandes 
Um Todd qualquer da Carolina do Sul escreveu no Twitter que, em caso de aldeia infetada com ébola, arrasa-se com napalm. Estes casos (não falo de ébola, mas dos Todd) tratavam-se com o efeito profilático do par de bofetadas mas isso caiu em desuso. Mas a crise do ébola também tem o mérito de nos darmos a conhecer melhor. Ontem, nos comentários dos jornais El Mundo e El País, o assunto mais badalado era a sorte do cão da enfermeira infetada. O marido dela fez uma denúncia pública por as autoridades sanitárias de Madrid quererem sacrificar o animal. Dito isso, o dono exclamou: "Será que também me vão sacrificar a mim?" Segundo o tal Todd, sim, era o que lhe aconteceria - mas a opinião do americano maluco é muito minoritária. Já a opinião de que a vida do cão deveria ser tratada com igual obrigação que temos para com a vida dos homens teve muitos adeptos. Disseram centenas de comentários que há que defender a vida do cão mesmo à custa da hipótese de infetar pessoas. A confusão do dono, traçando uma igualdade de valor entre a sua vida e a do seu cão, é compreensível, afinal a incúria do hospital está a fazê-lo passar horrores. Já tanta gente a pensar o mesmo espanta. Espero, sinceramente, que essa gente continue a pensar assim. Será sinal de que a crise do ébola passou. Pois, caso ela aperte, estou a ver essa gente a aproximar-se mais da tese do Todd do que continuar tão amante de cães, custe o que custar.
«DN» de 8 Out 14

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2 Comments:

Blogger Agostinho said...

Na mouche!
Os homens tendem a criar sociedades doentes.
O ébola terá tratamento, mas, a esquizofrenia coletiva que alastra não me parece que venha a ter.

8 de outubro de 2014 às 22:32  
Blogger brites said...


é tão egoísta amar os seres humanos como amar incondicionalmente animais.

o inferno somos nós!

9 de outubro de 2014 às 12:55  

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