9.4.15

S.N. S. – Os hospitais, as dívidas e as pessoas

Por C. Barroco Esperança
Este Governo, esta maioria e este PR, eles próprios a necessitarem de cuidados especiais de saúde, certos de que não lhes faltarão, apostam na destruição do Serviço Nacional de Saúde. É a bandeira ideológica dos que julgam que o SNS, universal e tendencialmente gratuito, não é um direito mas um bem qualquer, destinado a quem possa pagá-lo. A mais obscena das audácias e a mais vil está na forja de quem assaltou o poder e detém os meios de propaganda. «Os hospitais públicos com dívidas em atraso a fornecedores podem ser impedidos de pagar salários. Esta sanção foi criada pela nova versão da Lei dos Compromissos, publicada a 17 de março em Diário da República, e que prevê que os pagamentos ao pessoal sejam suspensos se não houver dinheiro para pagar despesas assumidas.» – escreve a jornalista Ana Maia (DN, domingo, 5-04-2015, pág. 10). Este Governo exonerou a ética e a legalidade da sua atuação com a cumplicidade do seu PR. A CRP é, tal como o eleitorado, um obstáculo a contornar. Tudo farão para a rever, criando condições para a neutralizar e, se possível, rever. Neste momento não é possível cumprirem a ameaça de não pagarem aos trabalhadores hospitalares. O ministro da Saúde goza a aura da competência e aspira a que os hospitais endividados sejam proibidos de pagar aos funcionários. Desafia a Constituição e entra na chantagem para destruir o SNS dividindo-o entre privados e Misericórdias. Tamanha competência é um misto de propaganda da direita liberal e da unção de uma qualquer prelatura, ambas interessadas no negócio que brota dos destroços a que querem reduzir a mais simbólica conquista de Abril e aquela que mais portugueses beneficiou. O Dr. Paulo Macedo pode babar-se de gozo com o cilício mas tem de ser impedido de o acomodar ao país. Quem, ao serviço do Estado laico, mandou celebrar uma missa para a direção-geral dos Assuntos Fiscais, é capaz de restituir à Providência divina o precoce chamamento das almas, mas não se lhe pode confiar o destino da saúde dos corpos. Restam 113 hospitais públicos quando os privados já somam 107. A agenda ultraliberal está a ser cumprida numa odiosa afronta à saúde dos portugueses. A destruição lenta e obstinada do S.N.S. é um crime silencioso que os portugueses não mereciam. Portugal não é sacristia nem o Governo um grupo de paquetes ao serviço dos interesses  privados. É preciso salvar o que ainda for possível, com outro Governo, outra maioria e outro PR, e retirar aos aparelhos político-administrativos, reduzindo os seus efetivos e sinecuras, os recursos para reparar os rombos do S.N.S. e recuperar a sua eficácia.
Ponte Europa / Sorumbático

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8 Comments:

Blogger opjj said...

Eu a si ia para Cuba ou Venezuela ou Coreia do Norte. Lá é um bom lugar para se viver.
1º Nos privados pago por uma consulta 3,99€ e no público 7,75€ Quase o dobro.
A sua obcessão cega-o e não vê a realidade.
Fui operado ás cataratas,fui bem tratado e paguei O zero.Mas devia ter pago.Tudo funcionou lindamente, fui visto por médicos pré e pós operatório,
Não diga mal do que não conhece. Há 86% das pensões fora de pagamentos.Ontem numa entrevista Freitas do Amaral choramingava pq o Passos lhe foi à pensão.
Faça como eu, não tenho cartões.

9 de abril de 2015 às 18:36  
Blogger Carlos Esperança said...

«Não diga mal do que não conhece».

Olhe que conheço!

9 de abril de 2015 às 22:03  
Blogger Leo said...

Há muitos despesismo nos hospitais públicos. Lá dentro quase todos roubam. A auxiliar, a enfermeira o médico. É o líquido desinfectante que todo o funcionário hospitalar que se preze tem na sua casa, as compressas de gase, muitas vezes o papel higiénico e toda a parafernália de utensílios à mão de semear. É um esbulho constante.

11 de abril de 2015 às 21:08  
Blogger opjj said...

Leo, não sabe o que diz. Tenho ´muitos familiares que trabalham em hospitais públicos, desde médicos a enfermeiros e nunca vi trazerem o que quer que fosse. O desperdício é nas embalagens que abertas se estragam. Por isso estão a ser feitas em mini-dozes.
Como é que o país vai para a frente com pessoas que revelam falta de saber.Parece aqueles comunistas que querem adeptos de olhos fechados, pq só assim no atrazo se mantém.

12 de abril de 2015 às 08:14  
Blogger Leo said...

Sr. OPJJ,
Comunista não sou nem procuro adeptos.
Não disse que todos roubam, disse e reafirmo que quase todos o fazem e se o digo é porque sei que assim é.
Mas não é só nos hospitais que o dinheiro público é tratado com leviandade.
O nosso dinheiro chega-lhes através da máquina fiscal que nada perdoa para depois ser desbaratado em contratos ruinosos, obras inúteis, quando não é simplesmente roubado através da corrupção.
Olhos fechados? há por aí muitos sim.
bem-haja!

12 de abril de 2015 às 20:21  
Blogger opjj said...

Leo falou de pessoas que todos roubavam de baixo acima e não de empresas e de contratos. Não misture.

13 de abril de 2015 às 12:53  
Blogger Leo said...

Pois olhe, para mim é tão grave o roubo de uma agulha como a concessão de um contrato assente em luvas ou contra partidas pouco claras. Em ambos os casos faltam os princípios da boa fé, da seriedade e da transparência.
Todo o uso de dinheiro público devia ser escrutinado no mínimo pelo público alvo que com certeza escolheria e negociaria a opção mais vantajosa e chumbaria tudo o que fosse supérfluo e dispendioso. O povo tem direito a ser chamado a dar a sua opinião, tostão a tostão, contrato a contrato, mesmo em relação às leis intrusivas que nos são impostas e que adulteram/apodrecem a nossa identidade pessoal.

13 de abril de 2015 às 16:06  
Blogger Carlos Esperança said...

Os privados são honestos. Valha-nos isso. Obrigado opjj pelos ensinamentos que me trouxe.

Eu conhecia os casos do BCP, SLN/BPN, Banif, BES/GES,PT e outros mas pensei que eram privados.

16 de abril de 2015 às 01:08  

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