S.N. S. – Os hospitais, as dívidas e as pessoas
Por C. Barroco Esperança
Este Governo, esta maioria e este PR, eles próprios a necessitarem de
cuidados especiais de saúde, certos de que não lhes faltarão, apostam na
destruição do Serviço Nacional de Saúde. É a bandeira ideológica dos
que julgam que o SNS, universal e tendencialmente gratuito, não é um
direito mas um bem qualquer, destinado a quem possa pagá-lo.
A mais obscena das audácias e a mais vil está na forja de quem assaltou o
poder e detém os meios de propaganda. «Os hospitais públicos com
dívidas em atraso a fornecedores podem ser impedidos de pagar salários.
Esta sanção foi criada pela nova versão da Lei dos Compromissos,
publicada a 17 de março em Diário da República, e que prevê que os
pagamentos ao pessoal sejam suspensos se não houver dinheiro para pagar
despesas assumidas.» – escreve a jornalista Ana Maia (DN, domingo,
5-04-2015, pág. 10).
Este Governo exonerou a ética e a legalidade da sua atuação com a
cumplicidade do seu PR. A CRP é, tal como o eleitorado, um obstáculo a
contornar. Tudo farão para a rever, criando condições para a neutralizar
e, se possível, rever. Neste momento não é possível cumprirem a ameaça
de não pagarem aos trabalhadores hospitalares.
O ministro da Saúde goza a aura da competência e aspira a que os
hospitais endividados sejam proibidos de pagar aos funcionários. Desafia
a Constituição e entra na chantagem para destruir o SNS dividindo-o
entre privados e Misericórdias. Tamanha competência é um misto de
propaganda da direita liberal e da unção de uma qualquer prelatura,
ambas interessadas no negócio que brota dos destroços a que querem
reduzir a mais simbólica conquista de Abril e aquela que mais
portugueses beneficiou.
O Dr. Paulo Macedo pode babar-se de gozo com o cilício mas tem de ser
impedido de o acomodar ao país. Quem, ao serviço do Estado laico, mandou
celebrar uma missa para a direção-geral dos Assuntos Fiscais, é capaz
de restituir à Providência divina o precoce chamamento das almas, mas
não se lhe pode confiar o destino da saúde dos corpos.
Restam 113 hospitais públicos quando os privados já somam 107. A agenda
ultraliberal está a ser cumprida numa odiosa afronta à saúde dos
portugueses. A destruição lenta e obstinada do S.N.S. é um crime
silencioso que os portugueses não mereciam.
Portugal não é sacristia nem o Governo um grupo de paquetes ao serviço
dos interesses privados. É preciso salvar o que ainda for possível, com
outro Governo, outra maioria e outro PR, e retirar aos aparelhos
político-administrativos, reduzindo os seus efetivos e sinecuras, os
recursos para reparar os rombos do S.N.S. e recuperar a sua eficácia.
Ponte Europa / Sorumbático
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8 Comments:
Eu a si ia para Cuba ou Venezuela ou Coreia do Norte. Lá é um bom lugar para se viver.
1º Nos privados pago por uma consulta 3,99€ e no público 7,75€ Quase o dobro.
A sua obcessão cega-o e não vê a realidade.
Fui operado ás cataratas,fui bem tratado e paguei O zero.Mas devia ter pago.Tudo funcionou lindamente, fui visto por médicos pré e pós operatório,
Não diga mal do que não conhece. Há 86% das pensões fora de pagamentos.Ontem numa entrevista Freitas do Amaral choramingava pq o Passos lhe foi à pensão.
Faça como eu, não tenho cartões.
«Não diga mal do que não conhece».
Olhe que conheço!
Há muitos despesismo nos hospitais públicos. Lá dentro quase todos roubam. A auxiliar, a enfermeira o médico. É o líquido desinfectante que todo o funcionário hospitalar que se preze tem na sua casa, as compressas de gase, muitas vezes o papel higiénico e toda a parafernália de utensílios à mão de semear. É um esbulho constante.
Leo, não sabe o que diz. Tenho ´muitos familiares que trabalham em hospitais públicos, desde médicos a enfermeiros e nunca vi trazerem o que quer que fosse. O desperdício é nas embalagens que abertas se estragam. Por isso estão a ser feitas em mini-dozes.
Como é que o país vai para a frente com pessoas que revelam falta de saber.Parece aqueles comunistas que querem adeptos de olhos fechados, pq só assim no atrazo se mantém.
Sr. OPJJ,
Comunista não sou nem procuro adeptos.
Não disse que todos roubam, disse e reafirmo que quase todos o fazem e se o digo é porque sei que assim é.
Mas não é só nos hospitais que o dinheiro público é tratado com leviandade.
O nosso dinheiro chega-lhes através da máquina fiscal que nada perdoa para depois ser desbaratado em contratos ruinosos, obras inúteis, quando não é simplesmente roubado através da corrupção.
Olhos fechados? há por aí muitos sim.
bem-haja!
Leo falou de pessoas que todos roubavam de baixo acima e não de empresas e de contratos. Não misture.
Pois olhe, para mim é tão grave o roubo de uma agulha como a concessão de um contrato assente em luvas ou contra partidas pouco claras. Em ambos os casos faltam os princípios da boa fé, da seriedade e da transparência.
Todo o uso de dinheiro público devia ser escrutinado no mínimo pelo público alvo que com certeza escolheria e negociaria a opção mais vantajosa e chumbaria tudo o que fosse supérfluo e dispendioso. O povo tem direito a ser chamado a dar a sua opinião, tostão a tostão, contrato a contrato, mesmo em relação às leis intrusivas que nos são impostas e que adulteram/apodrecem a nossa identidade pessoal.
Os privados são honestos. Valha-nos isso. Obrigado opjj pelos ensinamentos que me trouxe.
Eu conhecia os casos do BCP, SLN/BPN, Banif, BES/GES,PT e outros mas pensei que eram privados.
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