5.1.17

A laicidade e o islamismo político

Por C. Barroco Esperança
Entro em 2017 com a certeza reforçada de que o islamismo político e os valores liberais do Ocidente são incompatíveis. Desconheço, aliás, religiões que defendam as liberdades individuais, mas a repressão sobre o clero forçou-as a aceitar a separação do Estado, isto é, a laicidade, enquanto o Islão político combate o Estado de direito.
 A ilusão de que é a direita política que defende os valores civilizacionais, confundidos com a tradição que lhe foi imposta, cria uma perigosa confusão entre atitude liberal nos costumes, apanágio da civilização e herança da esquerda, e a opção liberal na economia.
 O Islão não tolera a música, a arte ou a felicidade, não aceita a igualdade de género nem prescinde da escravização da mulher, entre outras aberrações comuns aos monoteísmos, combatidas na civilização ocidental, após o longo processo renascentista, iluminista e da Revolução Francesa.
 A passagem do ano em Colónia, na Alemanha, foi este ano vigiada por forte dispositivo policial, para evitar a repetição das violações do ano anterior em que islamitas dementes foram os desvairados autores.
 O ano começou, aliás, com um ataque a uma discoteca, em Istambul, na Turquia, onde o Irmão Muçulmano Erdogan não pôde destruir ainda todo o legado de Atatürk. Trinta e nove mortos e 69 feridos foi o resultado da sanha de quem acredita no “beduíno amoral e analfabeto” como profeta, ali onde a Turquia deixa de ser Ásia e a Europa começa.
 Na Holanda, onde uma em cada três mesquitas é salafista, o Instituto Verwey-Jonker, especializado em sociologia, descreveu as regras dessas mesquitas. Estão na vanguarda da alienação sunita, o que levou Lodewijk Asscher, ministro dos Assuntos Sociais e líder social-democrata, a apelar aos pais holandeses para retirarem os filhos das aulas de Corão ministradas na mesquita salafista Al Fitrah, em Utrecht.
 As regras impostas nessas mesquitas, segundo o Instituto atrás referido, incluem «evitar muçulmanos moderados, rejeitar a música, o cinema, as excursões de tipo cultural, e a separação entre homens e mulheres. Esta última atinge professores, especialmente as professoras, na escola primaria, a quem não devem cumprimentar com o aperto de mão com que é hábito os alunos holandeses despedirem-se no fim de cada dia de aulas». (El País, ISABEL FERRER, Haia 27 dez. 2016)
 A defesa da laicidade e da civilização exige a interdição dos locais mal frequentados e o julgamento dos clérigos. Não são templos, são escolas terroristas, e a laicidade impõe a absoluta neutralidade do Estado em relação às religiões, sem as isentar do Código Penal.
 Ponte Europa / Sorumbático

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2 Comments:

Blogger Ilha da lua said...

Uma análise lúcida dos nossos tempos. Não podia estar mais de acordo com o que escreveu.
É, por esta incompatibilidade,(e, tantas outras)que a globalização(cujo o objectivo é nobre)se ficou, quase exclusivamente, pela vertente económica, deixando os países democráticos reféns dos seus próprios interesses materiais. Na ansia de melhores condições de vida, esses países fecharam os olhos a valores inalienáveis da democracia. Não ponderaram, que o mundo gira a várias velocidades, nem se detiveram na realidade sócio política de cada país. Confundiram tolerância com laxismo. Abriram caminho a extremismos(quer de esquerda, quer de direita),que nunca coabitaram bem com a liberdade. Entramos num Novo Ano, sem sabermos o que nos espera. Preocupados, que o EUA (patrão do mundo) tenha elegido democraticamente, um homem com ideias racistas, xenófobas, homofóbicas, isolacionistas.
Mas, apesar dos sangrentos conflitos, dos refugiados, do terrorismo, da instabilidade financeira, quando olho à minha volta, ainda consigo ver(o que dizia o poeta)"...o mundo gira e avança, como bola colorida nas mãos de uma criança..."

5 de janeiro de 2017 às 15:39  
Blogger Carlos Esperança said...

Ilha da Lua:

Quem escreve gosta de ser lido, mas é um privilégio (independentemente de obter a concordância ou a discordância) ter leitores com o pensamento e a gramática tão imaculados como a dileta leitora.

Obrigado pelo seu comentário e votos de feliz ano de 1917.

6 de janeiro de 2017 às 01:02  

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