O terror chamado Alzheimer
Por Antunes Ferreira
A doença
de Alzheimer é a forma mais comum de demência. Não tem
cura e agrava-se progressivamente até levar à morte. Foi descrita pela
primeira vez em 1906 pelo psiquiatra e neuropatologista alemão Alois
Alzheimer, de quem recebeu o nome. A doença é geralmente
diagnosticada em pessoas com idade superior a 65 anos.
Sinteticamente esta é a descrição de um mal que me
aterroriza desde que me apercebi da sua existência. Não sendo um hipocondríaco
mas na verdade sou o que se costuma chamar um mariquinhas, um tipo que aos
primeiros espirros pensa que vem aí uma bruta constipação, talvez uma gripe,
quiá uma bronquite, mesmo uma pneumonia. Sou assim, confesso, não sei como
resolver o problema se é que ele tem solução.
Maria Adelaide Pinheiro, 78 anos, sofre de
Alzheimer e esteve desaparecida oito dias. Foi encontrada com vida, na passada quarta-feira,
num monte, em Brocas, Baião, a acerca de dez quilómetros de Carvalho de Rei,
Amarante, onde vive com um filho.
Levada para o
Hospital de Amarante com sinais de desidratação, a mulher teve alta no dia
seguinte, ao final da manhã. Durante uma semana, a D. Adelaide, como é tratada
em Carvalho de Rei, terá caminhado por entre mato e floresta. Se comeu alguma
coisa foi o que a natureza lhe deu, sendo certo que, nesta altura do ano,
"não há fruta, nem castanhas", faz notar a neta, Carina Pinheiro em
declarações ao Jornal de Notícias.
Por seu turno,
o filho, Nuno Pinheiro, admite que o instinto de sobrevivência tenha levado a
mãe a alimentar-se de folhas das silvas e água dos regatos. "Na zona não
há outra coisa comestível. Só há giestas, mato, pinheiro e silvas. Por exclusão
de partes, não vejo outra possibilidade de alimento que não tenham sido as
silvas".
Num Mundo em que vivemos
todos os dias rodeados de corrupções, de guerras, de ameaças diversas cada mais
mortais, em que os homens vão dando passos insanos em direcção ao abismo, a
Dona Adelaide Pinheiro que sofre de Alzheimer sobreviveu oito dias isolada num
matagal graças á natureza. Devíamos olhar para este caso e repensar o nosso
percurso na vida que é a única que temos. O resto é conversa de treta.
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