A propósito do DIA MUNDIAL DOS OCEANOS (8 de Junho)
Por A. M. Galopim de Carvalho
Em homenagem a José Mariano Gago e Mário Ruivo, dois nomes grandes a lembrar neste dia.
Em homenagem a José Mariano Gago e Mário Ruivo, dois nomes grandes a lembrar neste dia.
.
Vai para 30 anos, surgiu, no
Museu Nacional de História Natural, um grupo de investigação em Geologia Marinha/Oceanografia
Geológica, com ligações internacionais, designado DISEPLA, acrónimo de Dinâmica
Sedimentar da Plataforma.
Menos conhecida do público, mas
que reputo como a mais volumosa e importante contribuição científica deste
Museu, nos 20 anos de actividade sob minha direcção, foi a que ali se
desenvolveu nesta área, numa caminhada pioneira que conduziu ao nascimento e
expansão de uma verdadeira escola no estudo dos oceanos.
.
Em 1987 a então Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT),
hoje Fundação para a Ciência e a Tecnologia, de que era presidente o saudosa
Prof. Mariano Gago, lançava o “Programa Mobilizador de Ciência e Tecnologia”,
no qual tinha cabimento uma componente dinamizadora das Geociências do Mar,
apresentada publicamente pelos Profs. Mário Ruivo, da Comissão Oceanográfica
Intergovernamental da UNESCO, Michael Collins, da Universidade de Southampton,
e Michael Vigneaux, da Universidade Bordéus.
Foi na sequência deste programa
que João Alveirinho, então o primeiro e o único doutorado português em Geologia
Marinha, me veio propor que subscrevesse a candidatura à JNICT de um projecto
de investigação, concebido por ele, como desenvolvimento do tema da sua tese de
doutoramento, acabada de defender. Tendo orientado, em parte, este seu trabalho
e acompanhado de muito perto toda a sua carreira científica, nos saudosos
Serviços Geológicos de Portugal e no Instituto Hidrográfico, e tendo em conta a
oportunidade, a qualidade e o interesse estratégico desse projecto, aceitei esta
sua proposta o que implicou, também, aceitar sediar no Museu a equipa de jovens
investigadores que era necessário reunir e formar.
Com esta proposta, João
Alveirinho, apenas necessitava de uma instituição que os acolhesse e de uma
assinatura que o avalizasse. Ponderada a situação, pus à disposição deste meu
ex-aluno os nossos espaços, os nossos equipamentos e os nossos, então, muito
escassos recursos em pessoal técnico, administrativo e auxiliar.
Assim sendo, apresentei, à então
JNICT, o primeiro dos vários projectos que ali se desenvolveram nos dez anos
que se seguiram, concebidos em conjunto com outros, neste mesmo domínio, da
responsabilidade científica do Prof. António Ribeiro, também eles sediados no
Museu. Foi neste contexto que me envolvi nos domínios da investigação em
Ciências do Mar. O primeiro projecto arrancou em início de 1988 com uma
investigadora sénior e dez alunos finalistas de Geologia.
O Grupo DISEPLA visou, sobretudo,
a formação de jovens investigadores e a criação de um corpo nacional de
investigação no domínio da Geologia Marinha, interdisciplinar e
internacionalizado, até então ausente das nossas universidades.
Entre os elementos formados no
grupo, 28 concluíram o mestrado e 13, o doutoramento.
Os sete encontros que promovemos,
alguns em colaboração com os colegas do país vizinho, trouxeram ao conhecimento
mais de mil comunicações.
Com o passar do tempo, o Grupo
evoluiu naturalmente para uma rede de investigação, eficaz e igualmente
informal, cujos elementos, dispersos, como se disse atrás, são agora os
promotores e os responsáveis pelos seus próprios projectos, em que cada um
procura as colaborações mais convenientes e nos moldes que entenda
estabelecê-las.
Nascido e desenvolvido no Museu
Nacional de História Natural, sob a minha responsabilidade, com a coordenação
científica de João Alveirinho e em colaboração com António Ribeiro e o
indispensável e sempre disponível apoio do Instituto Hidrográfico, o Grupo
DISEPLA deixou descendentes, ou seja, fez escola que continua a dar frutos, uma
realidade que ficará esquecida se ninguém se der ao trabalho de a registar.
Com uma
primeira geração de investigadores que, de juniores passaram a seniores, vi
partir a maior parte destes “filhos”, hoje independentes e a trilharem os seus
próprios caminhos, o que me enche de satisfação e orgulho. Actualmente há
“netos” que já nem conhecem os “avós”, mas que só existem porque nós tivemos a
ousadia de iniciar esta viagem e de segurar o leme deste “navio”, nas primeiras
milhas desta gratificante navegação que conduziu, repito, à introdução das
Geociências do Mar nas nossas universidades, onde os mestrados e os
doutoramentos se sucedem
Etiquetas: GC
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home