Agitação social e incertezas
Por C. Barroco Esperança
Ai de quem cala o que sente e pensa, e diz o que julga que os outros gostam, mas pior é deixar-se manietar por constrangimentos sociais, calar-se por medo, deixar de abordar assuntos incómodos ou potencialmente geradores de crispação.
Quem emite opiniões tem o indeclinável dever de estar convencido de que as suas são as melhores, e deve estar disponível para aceitar que as opiniões contrárias podem ser tão razoáveis quanto as suas.
Há verdades que se calam para não desagradar, mentiras que não se contestam para não ofender, preconceitos que se toleram por comodidade. Numa sociedade democrática é a afirmação de todos e de cada um que forma o pensamento coletivo, e mal vai quando os que intervêm no espaço público se coíbem de abordar os temas incómodos. A opinião pública é a síntese dialética da opinião de todos, enquanto a opinião publicada é a que interessa a quem detém os órgãos de comunicação social e a quem os controla.
Tenho pensado muito na agitação social que irrompeu no País e na desfaçatez com que os responsáveis de muitas injustiças tomam a vanguarda na exigência da sua reparação.
Todas as greves admitidas no ordenamento jurídico português são legítimas, mas nem todas são justas e não faltam casos de oportunismo, de estratégias partidárias e de meras invejas profissionais.
Não conheço suficientemente cada sector profissional para fazer a destrinça, mas vejo a manipulação das Ordens a substituírem-se aos sindicatos e o aventureirismo das greves que não são mediadas por forças políticas responsáveis ou as que estas acabam a apoiar, para não perderem o comboio dos votos nas eleições que hão de vir.
Há uma turbulência desproporcionada que parece indiferente aos esforços do Governo quando comparado com a governação anterior, mas o regresso numa versão pior, a que darão origem, parece ser indiferente a muitos ativistas.
Há quem esqueça que o bem-estar relativo de que gozamos se deve à pobreza de outros países e à fome de milhões de pessoas, que a qualificação académica e profissional, que permite maior capacidade reivindicativa a alguns, se deve a escolas que todos pagamos, que a legítima melhoria que cada um pretende se faz com prejuízo de alguém.
Ninguém pensa no dinheiro que o País pede para manter a economia a funcionar e que o Orçamento não é elástico e que os credores avaliam os riscos. Mas será possível atender todas as greves sem arruinar o País?
Lembro-me de uma greve, assaz justa, no Reino Unido. Foi feita com notável coragem e determinação por mineiros cuja profissão era penosa e escassamente remunerada. Foi a perda dessa greve que originou vagas de desemprego, tragédias familiares, pobreza e o encerramento das minas.
A apoteose da insensibilidade social e a vingança teve na Sr.ª Thatcher a protagonista da regressão dos direitos dos trabalhadores de um lado e do outro do Canal da Mancha.
É a vida. E ninguém se recorda.
Ponte Europa / SorumbáticoEtiquetas: CBE
7 Comments:
CMR:
Agradeço que apague estes comentários que não sei traduzir.
Este sujeito também me visitou e já eliminei os seus intraduzíveis comentários.
Este comentador,ou é um brincalhão(sem graça nenhuma)ou perfeito cobarde !
Já é a 2ª vez que aqui aparece.
Vou tentar saber o que dizem os textos que, para já, apaguei.
Um amigo conhecedor da língua, informa-me:
«Trata-se de publicidade a empresas de manutenção de moradias (lavagem de alcatifas, desentupimento de esgotos, etc), com origem na Arabia Saudita.»
V.Exª não acha que estamos perante um governo fanfarrão? Eu que sou menos politizado já pressentia tudo o que está e vai acontecer.
Ontem ouvi, a dívida aumentou 19MM€ e em Outubro aumentou 2MM€.
HOJE pela manhã ouvi, a dívida pública é a mais alta de sempre 241MM€.
Ontem ouvi, governo meteu no ESTADO 18.900 pessoas, ou seja isto corresponde baixar o desemprego em 5%. Quem ouve o Fanfarrão até pensa que foi o privado o autor.
Repito as minhas palavras que lhe dirigi há uns tempos, "Oxalá me engane"
Cumps.
Estes governos de esquerda, com a sua moral superior, sempre a brandir o chicote do politicamente correto, aplicam-se sem freio na política da terra queimada. Metem-se em tudo quando é assunto, mesmo naqueles que não lhes dizem respeito. Só pensam em legislar e cortar pela raiz tudo o que é criativo e espontâneo. Os debates de ideias são balizados por tabus e os assuntos nunca são amadurecidos e desmistificados. Para eles, os que têm dinheiro são os inimigos do povo. Têm de ser taxados, mais do que os outros (IRS;IRC, etc.), esquecendo que quando alguém pondera investir o seu dinheiro, procura fazê-lo onde as condições são mais favoráveis e os ambientes económicos mais estáveis. Assim, o povo torna-se estúpido, os investidores fogem ou retraem-se, o emprego desce, os subsídios aumentam, os impostos sobem, os serviço degradam-se e o terceiro mundo bate à porta.
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