CONSTITUIÇÃO E ESTRUTURA DA TERRA (1)
Por A. M. Galopim de Carvalho
À semelhança de uma cereja, que tem pele, polpa e caroço, o nosso planeta tem crosta, manto e núcleo
CROSTA
Separada do manto pela descontinuidade Mohorovocic, a crosta, representa a “camada” mais externa (a “pele”) da Terra.
Não é uniforme em toda a sua extensão. Reconhece-se-lhe uma crosta continental, com densidade média de 2.7, e uma crosta oceânica, com densidade média de 2,9. Corresponde a menos de 1% do volume do planeta e a valor ainda menor da respectiva massa.
Muito diferentes entre si, a crosta continentalconstitui o essencial dos continentes, com uma espessura média de 35 km (valore que podem atingir os 70 e 80 Km sob as grandes cadeias montanhosas, com é o caso dos Himalaias) e uma composição sílico-aluminosa, com franco predomínio de rochas de composição granítica, incluindo os gnaisses. As rochas sedimentares, também elas presentes (e exclusivas) na crosta continental, representam uma minoria na sua constituição.
Esta crosta ocupa cerca de 45% da superfície da Terra e 77% do volume total da crosta.
A crosta oceânica, sílico-magnesiana, forma o substrato das bacias oceânicas, com uma espessura variável entre 3 e 15 km (com um valor médio da ordem de 5 a 7 km) na qual predominam as rochas de natureza basáltica e gabróica, além de outras resultantes do metamorfismo destas (em especial metamorfismo hidrotermal) como são, por exemplo, os serpentinitos. Além dos fundos das bacias oceânicas, esta outra crosta, que totaliza cerca de 55% da superfície da Terra e apenas 17% do volume total da crosta terrestre, compreende as ilhas vulcânicas que não são mais do que emergências dessa mesma crosta, correspondentes a aparelhos vulcânicos edificados a partir desses fundos.
A diferença de densidades (2,9 – 2,7 = 0,2), aparentemente mínima, entre os dois principais tipos de crosta constitui um dos factores mais importantes na dinâmica superficial do planeta, como acontece nas fronteiras de aproximação entre placas continentais e oceânicas onde estas, mais densas, mergulham, no geral, sob as outras, menos densas.
Notas:
(ou Mohorovicic) – Trata-se de uma fronteira química Descontinuidade Mohoe mineralógica com evidentes reflexos nos comportamentos dos respectivos materiais, face às solicitações mecânicas, como são o
Gabróica– referente a gabro, rocha plutónica, granular grosseira, melanocrata (escura) essencialmente constituída por uma plagioclase cálcica (labradorite e anortite) e por uma piroxena (augite ou hiperstena). Tem o basalto por equivalente vulcânico e o dolerito por equivalente hipabissal. O nome, proposto em 1786, radica no latim gaber,que significa macio.
Gabro
Metamorfismo hidrotermal– metamorfismo produzido numa dada rocha por acção de soluções aquosas quentes que nela penetram e circulam, particularmente importante nas rochas do substrato oceânico
Serpentinito– rocha metamórfica essencialmente formada por minerais (filossilicatos de magnésio) do grupo da serpentina, resultantes da metamorfismo de rochas ultrabásicas magnesianas.
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