2.5.19

O CDS e a extrema direita

Por C. Barroco Esperança

A expulsão do CDS do Partido Popular Europeu (PPE) pelas suas posições reacionárias, incompatíveis com a matriz política dos partidos conservadores e demo-cristãos que o integram, parece esquecida.

O regresso à família política europeia deve-se aos bons ofícios do PSD, que precisou de se coligar com o CDS, para que Durão Barroso se tornasse PM e pudesse prosseguir a gloriosa carreira, impulsionada pela invasão do Iraque, passando pela presidência da CE e acabando na dourada sinecura de chairman do banco Goldman Sachs, em Londres.
Foi assim que o CDS voltou ao Governo depois da saída do próprio fundador, Freitas do Amaral, inconformado com a deriva antieuropeísta e reacionária do partido que fundara com Adelino Amaro da Costa.
Com Durão Barroso, Santana Lopes e Passos Coelho, o CDS esteve sempre disponível para formar governos de direita, legitimidade que não se contesta. Só a desconfiança na competência da Dr.ª Maria Luís, para ocupar a pasta das Finanças, levou Paulo Portas a pôr em causa a avença. Persiste a lembrança da demissão irrevogável e da farsa da posse da ministra, num governo fantasmagórico, só do PSD. O regresso do CDS, com poderes reforçados de Portas, foi a legalização à posteriori de espetáculo circense protagonizado pelo PSD e o notário privativo, Cavaco Silva.
Com a posse do atual Governo, que a AR impôs a Cavaco, o PSD foi ardendo em lume brando, à espera do Diabo, enquanto Paulo Portas tirou ilações e foi tratar da vida, sem precisar da uma cátedra de favor, deixando o partido à Dr.ª Cristas que, eufórica e com surpreende estridência, se julgou a líder da direita.
Esquecida da sua irrelevância, face ao PSD, começou a declarar-se candidata a PM e a alternativa ao atual governo, convencida de que destruiria o partido de que o seu está condenado a ser satélite.
A deputada, acusadora e ruidosa, sempre pronta para censurar outros partidos, não pode agora remeter-se ao silêncio depois da declaração do candidato do CDS ao Parlamento Europeu ter negado que o VOX espanhol fosse um partido de extrema-direita. Nenhum deles pode ignorar as 100 medidas que o partido fascista apresentou para Espanha onde o carácter antidemocrático, homofóbico e xenófobo atingem o apogeu da demência.
Compreende-se que Paulo Portas finja de morto, face às declarações de Nuno Melo, ou que Adriano Moreira se cale, depois de branqueado o passado, graças à sua inteligência e cultura, como se não tivesse reaberto o Campo de tortura do Tarrafal em 1961. O que não se compreende é o ruidoso silêncio de Assunção Cristas e a manutenção do cabeça de lista em representação de um partido que se diz conservador e democrata-cristão.
Já é tempo de a Dr.ª Cristas cacarejar qualquer coisinha a este respeito, a menos que se identifique com as declarações de Nuno Melo a respeito do VOX. Parecia Bernardino Soares convencido de que a Coreia do Norte fosse uma democracia.
A líder do CDS não pode limitar-se, com o que aprendeu no ministério da Agricultura, a ensinar os deputados a distinguir um repolho de um eucalipto.

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5 Comments:

Blogger José Batista said...

Está bom o texto e está boa a foto que o ilustra.
Pergunta minha: se não houvesse campanhas eleitorais, alguma vez Nuno Melo, Mota Soares e A. Cristas iam apanhar couves?

2 de maio de 2019 às 15:22  
Blogger 500 said...

Gestos ridículos, destinados aos pacóvios.

2 de maio de 2019 às 17:30  
Blogger Ilha da lua said...

Segundo,uma notícia do jornal Público do dia 29 de Abril,Portugal está entre os quatro países europeus sem a extrema direita no Parlamento! Por isso, deixemos o CDS entretido com a apanha das couves, fazendo votos para que o ar puro do campo o mantenha na direita conservadora

2 de maio de 2019 às 18:13  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Ilha da Lua
Os nosso imigrantes estão relativamente bem integrados e não são em excesso.
As comunidades de indianos, chineses, paquistaneses. ucranianos, brasileiros, etc não levantam problemas, tal como, aliás, as comunidades de ciganos (e aqui em Lagos há duas, estanques, uma pobre e uma rica!).
A comunidade muçulmana também parece pacífica, e a nossa situação geográfica coloca-nos ao abrigo dos barcos de desesperados que vêm do Norte de África.
Assim, mesmo quando, de vez em quando há problemas, não são nada que se compare com o que sucede noutros países.

2 de maio de 2019 às 19:37  
Blogger Ilha da lua said...

CMR. Tem toda a razão! Por isso,compete a todos os democratas manter este equilíbrio.

2 de maio de 2019 às 21:34  

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