20.8.20

A Festa do Avante e a cruzada sanitária

Por C. Barroco Esperança

Não tenho opinião definitiva sobre as garantias de segurança da Festa do Avante, mas recuso-me a condená-la, pelo que representa no campo cultural, partidário e político.

Não posso, aliás, vê-la de forma diferente à da última peregrinação a Fátima, em 13 de agosto, esperando na Quinta da Atalaia mais precauções do que na Cova da Iria. Aliás, as consequências da celebração pia podem alterar a minha opinião, favorável a ambas.

Não me deixo afetar pela qualidade excecional dos espetáculos a que assisti na Festa do Avante pela módica quantia do custo da EP (Entrada Permanente) nem pelo apreço que guardo da luta do PCP contra o fascismo.

Influi, neste caso, a oportunidade para músicos e artistas de qualidade excecional terem o palco que merecem e manterem vivo o gosto e o hábito de serem apreciados, ficando para os comunistas a homilia de encerramento.

Já as críticas que diariamente são dirigidas ao PCP, numa campanha de anticomunismo primário, merecem o meu repúdio.

Nos média, nas redes sociais e no ruído da direita, cuja luta política é legítima, longe de ver argumentos, com ignorantes incapazes de opinar sobre o centralismo democrático ou a teoria leninista da conquista do poder, por exemplo, o combate faz-se com o ruído mediático, o apelo ao medo e a falsa preocupação de quem usa a saúde pública para ocultar o ódio reprimido de suportar o PCP legal. Não é a Festa do Avante que os irrita, não é a saúde pública que os move, é a existência do PCP que os atormenta.

Não estamos a assistir a um jogo limpo, mas a um baile de máscaras onde rodopiam os velhos salazaristas com máscara de democratas a explorar a pandemia que nos aflige.

Assim, não.

Ponte EuropaSorumbático

 

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