Se bem me lembro...
EMBORA já tenham passado quase três décadas, certamente não falta quem se lembre do programa de TV “O Juiz Decide”. Tratava-se de uma encenação, mas o facto de os figurantes serem desconhecidos e bons actores, tornava os “julgamentos” bem credíveis.
Os casos eram conflitos do dia-a-dia, envolvendo quase sempre duas pessoas, e eram perfeitamente plausíveis (dizia-se que alguns eram mesmo reais), e os juízes (conhecemos dois) eram verdadeiros magistrados, embora jubilados.
Mas o que tornava o programa verdadeiramente aliciante era a sua imprevisibilidade.
Eu explico:
Quando acabavam os interrogatórios e as alegações, havia um intervalo, em que o público televisivo era convidado a dar, por telefone, o seu palpite acerca da sentença que havia de vir logo a seguir, podendo escolher apenas entre duas opções.
Pois bem; o que sucedia (sem apelo nem agravo — o locutor até dizia “O juiz decidiu, está decidido!”) era SEMPRE O OPOSTO daquilo que, ao cidadão-comum, parecia lógico e óbvio — e quase sempre por grande margem.
Claro que isso dá que pensar, pois, entre vários atributos que esperamos da Justiça, a lógica (a par da celeridade) está em primeiro lugar.
Aqui chegados, e tendo em conta “aquilo de que toda a gente fala”, partilho uma reflexão que muitas vezes fiz:
Dado que houve DOIS juízes, será que, se o mesmo julgamento tivesse sido feito pelo “outro”, o resultado teria sido diferente? Mas a questão não faz sentido, pois nunca havia sobreposição, nem no tempo nem nas causas julgadas, além de que a própria concepção do programa colocava completamente fora de causa que o juiz mais recente se pronunciasse sobre os casos que haviam sido julgados pelo anterior — mas, se calhar, era só por isso...
Etiquetas: CMR
1 Comments:
Recordo-me desse programa mas, confesso, não sei se acertei sempre na decisão.
Enviar um comentário
<< Home